6 de fev. de 2013

Juca Ferreira apresenta propostas para gestão da Cultura em São Paulo

Juca Ferreira (Secretário da Cultura) e Rodrigo Savazoni (chefe de gabinete) apresentam propostas de políticas culturais no auditório do Centro Cultural Vergueiro (lotado) . Foto: Pimenta's, amigos e Cia.
Secretário municipal de cultura de São Paulo promete diálogo permanente, gestão 'de renovação, inclusão e integração' e diz que prefeito assumiu compromisso de elevar orçamento da pasta 

Por: Eduardo Maretti, da Rede Brasil Atual 

O secretário de Cultura de São Paulo, Juca Ferreira coordenou ontem (5) no encontro,  aberto à participação pública,  realizado no Centro Cultural São Paulo (CCSP, na região central), dando início ao programa #existediálogoemSP. O objetivo foi discutir com a população a "construção colaborativa de políticas públicas" durante sua gestão a partir do diálogo permanente e público. Cerca de mil pessoas lotaram a sala Adoniran Barbosa e um espaço anexo, onde o público que não coube na sala principal acompanhou a fala do secretário e o debate em um telão.

Participaram do evento coletivos, produtores de teatro e cinema, empresários, atores, artistas de rua, representantes de diversos segmentos da área cultural, da periferia e das regiões mais centrais de São Paulo. Juca – ex-ministro da Cultura do governo Lula entre 2008 e 2010 – disse, ao iniciar sua participação, que o propósito da reunião foi iniciar o diálogo que pretende manter pelos próximos quatros anos. "Não acredito em política pública de gabinete", disse Ferreira, explicando que o evento teve, entre outros, o objetivo de "compreender as múltiplas demandas sociais" da capital. 

De acordo com o que o programa de governo que baseou a campanha eleitoral de Fernando Haddad (PT) em 2012, o secretário declarou que a proposta da gestão é de diálogo entre o centro e a periferia e com diversos setores da cultura, seja do ponto de vista territorial da cidade ou temático, considerando as mais variadas formas de manifestação cultural.

"O diálogo vai ser o grande instrumento de trabalho", afirmou. Segundo ele, as diretrizes da Cultura estão de acordo com as que regem "um governo que significa renovação, inclusão e integração. Todos devem ser considerados parte da cidadania", disse Ferreira."

Plano diretor

Ele afirmou que, além de um Conselho Municipal de Cultura forte e "capaz de influenciar as políticas públicas” do governo municipal, pretende “construir o Plano Municipal de Cultura para se integrar ao Sistema Nacional de Cultura, do governo federal". O objetivo, disse, será estabelecer essas políticas nos próximos dez anos. O secretário revelou ainda sua proposta para que, na revisão do Plano Diretor da cidade, as novas diretrizes incorporem a cultura, "que não faz parte desses processos". 

Disse ainda que as ruas e praças “podem se transformar em espaços de manifestação cultural” para artistas locais em um calendário que pode se estender por todo o ano. "A vocação de São Paulo não é só importar shows de músicos internacionais", criticou, sob palmas. "Vamos criar uma curadoria colegiada para cuidar da cultura da cidade. São Paulo comporta eventos em todo o calendário, eventos grandes, médios e pequenos".
Fortalecer os pontos de cultura, potencializar a produção da periferia, dar mais espaço à cultura digital gratuita, "acolher" a cultura do interior do estado e nordestina também foram propostas enumeradas por Ferreira. 

Sobre orçamento e financiamento para as propostas, Juca Ferreira contou que o orçamento médio da secretaria nos últimos anos, de 1,3% , caiu para 0,9% em 2013, de acordo com o que foi aprovado em 2012. "Esta é a má notícia", ilustrou. A "boa notícia", segundo ele, é que Haddad assumiu compromisso de elevar o montante para 2%. O secretário disse que pretende também firmar parcerias com os governos estadual e federal, além da iniciativa privada. Neste último caso, ressaltou, "desde que prevaleça a natureza pública" dos investimentos.

 Vida noturna e cinema

Ferreira afirmou que sua gestão tentará otimizar outra vocação paulistana, a vida noturna. "É preciso pensar uma política cultural para a noite, mudar a visão de que em São Paulo se dorme à noite e se trabalha de dia. A cidade vai ganhar muito se disponibilizar cultura à noite." Para ele, todos ganharão: as pessoas terão opções, e "o teatro e o cinema vão ter mais público."

Sobre cinema, ele revelou que estuda fortalecer a Mostra de Cinema de São Paulo, talvez dotando-a de um caráter de festival, momento em que foi novamente aplaudido. "São Paulo não pode se satisfazer apenas com cinema de shopping, e por isso o cine Belas Artes é importante", disse também – a prefeitura negocia com o proprietário do imóvel do histórico conjunto de salas de cinema na esquina da avenida Paulista com a rua da Consolação, o advogado Flávio Maluf (sem parentesco com o político de mesmo sobrenome), uma solução para o espaço, que pode virar um centro cultural. A ideia de Ferreira é evitar que o local, hoje abandonado, se transforme em um centro comercial, como quer Maluf.



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