Secretário municipal de
cultura de São Paulo promete diálogo permanente, gestão 'de renovação,
inclusão e integração' e diz que prefeito assumiu compromisso de elevar orçamento da pasta
Por: Eduardo Maretti, da Rede Brasil Atual
O secretário de Cultura de São Paulo, Juca Ferreira coordenou ontem
(5) no encontro, aberto à participação pública, realizado no Centro
Cultural São Paulo (CCSP, na região central), dando início ao programa
#existediálogoemSP. O objetivo foi discutir com
a população a "construção colaborativa de políticas públicas" durante
sua gestão a partir do diálogo permanente e público. Cerca de mil
pessoas lotaram a sala Adoniran Barbosa e um espaço anexo, onde o
público que não coube na sala principal acompanhou a fala do secretário e o debate em um telão.
Participaram do evento coletivos, produtores de teatro e cinema,
empresários, atores, artistas de rua, representantes de diversos
segmentos da área cultural, da periferia e das regiões mais centrais de
São Paulo. Juca – ex-ministro da Cultura do governo Lula entre 2008 e
2010 – disse, ao iniciar sua participação, que o propósito da reunião
foi iniciar o diálogo que pretende manter pelos próximos quatros anos.
"Não acredito em política pública de gabinete", disse Ferreira,
explicando que o evento teve, entre outros, o objetivo de "compreender as múltiplas demandas sociais" da capital.
De acordo com o que o
programa de governo que baseou a campanha eleitoral de Fernando Haddad
(PT) em 2012, o secretário declarou que a proposta da gestão é de
diálogo entre o centro e a periferia e com
diversos setores da cultura, seja do ponto de vista territorial da
cidade ou temático, considerando as mais variadas formas de manifestação
cultural.
"O diálogo vai ser o grande instrumento de trabalho", afirmou. Segundo ele, as diretrizes da Cultura estão de acordo com
as que regem "um governo que significa renovação, inclusão e
integração. Todos devem ser considerados parte da cidadania", disse
Ferreira."
Plano diretor
Ele afirmou que, além de um Conselho Municipal de Cultura forte e
"capaz de influenciar as políticas públicas” do governo municipal,
pretende “construir o Plano Municipal de Cultura para se integrar ao
Sistema Nacional de Cultura, do governo federal". O objetivo, disse,
será estabelecer essas políticas nos próximos dez anos. O secretário
revelou ainda sua proposta para que, na revisão do Plano Diretor da
cidade, as novas diretrizes incorporem a cultura, "que não faz parte
desses processos".
Disse ainda que as ruas e praças “podem se transformar em espaços de
manifestação cultural” para artistas locais em um calendário que pode se
estender por todo o ano. "A vocação de São Paulo não é só importar
shows de músicos internacionais", criticou, sob palmas. "Vamos criar uma
curadoria colegiada para cuidar da cultura da cidade. São Paulo comporta eventos em todo o calendário, eventos grandes, médios e pequenos".
Fortalecer os pontos de cultura, potencializar a produção da
periferia, dar mais espaço à cultura digital gratuita, "acolher" a
cultura do interior do estado e nordestina também foram propostas
enumeradas por Ferreira.
Sobre orçamento e financiamento para as propostas, Juca Ferreira
contou que o orçamento médio da secretaria nos últimos anos, de 1,3% ,
caiu para 0,9% em 2013, de acordo com o que foi aprovado em 2012. "Esta é a má notícia", ilustrou. A "boa notícia", segundo ele, é que Haddad assumiu compromisso de elevar o montante para 2%. O secretário disse que pretende também firmar parcerias com
os governos estadual e federal, além da iniciativa privada. Neste
último caso, ressaltou, "desde que prevaleça a natureza pública" dos
investimentos.
Vida noturna e cinema
Ferreira afirmou que sua gestão tentará otimizar outra vocação
paulistana, a vida noturna. "É preciso pensar uma política cultural para
a noite, mudar a visão de que em São Paulo se dorme à noite e se
trabalha de dia. A cidade vai ganhar muito se disponibilizar cultura à
noite." Para ele, todos ganharão: as pessoas terão opções, e "o teatro e
o cinema vão ter mais público."
Sobre cinema, ele revelou que estuda fortalecer a Mostra de Cinema de
São Paulo, talvez dotando-a de um caráter de festival, momento em que
foi novamente aplaudido. "São Paulo não pode se satisfazer apenas com cinema de shopping, e por isso o cine Belas Artes é importante", disse também – a prefeitura negocia com o proprietário do imóvel do histórico conjunto de salas de cinema na esquina da avenida Paulista com a rua da Consolação, o advogado Flávio Maluf (sem parentesco com
o político de mesmo sobrenome), uma solução para o espaço, que pode
virar um centro cultural. A ideia de Ferreira é evitar que o local, hoje
abandonado, se transforme em um centro comercial, como quer Maluf.
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