O relator da ONU Fank La Rue. Foto: Violaine Martin_CC |
Para Frank La Rue, o problema é que os grandes conglomerados esquecem
que as mídias comunitárias também são imprensa e que as telecomunicações
não podem ser vistas somente pelas óticas do mercado
Do Brasil de Fato
O relator especial para Promoção e Proteção do Direito à Liberdade de
Opinião e Expressão da Organização das Nações Unidas (ONU), Frank La
Rue, defendeu que o governo brasileiro regule a distribuição das
concessões de rádio e TV, com o objetivo de evitar que conglomerados
dominem os meios de comunicação. Nesta quinta-feira (13), La Rue
participou de dois encontros sobre liberdade de expressão e concentração
de mídia no Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo (SEESP) e
na Câmara Municipal de São Paulo.
Para La Rue, o problema é que os
grandes conglomerados esquecem que as mídias comunitárias também são
imprensa e que as telecomunicações não podem ser vistas somente pelas
óticas do mercado, pois setores mais pobres “também têm o direito a
reproduzir sua cultura para proteger suas identidades”.
Segundo
o Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação (EPCOM), somente a
Rede Globo, Bandeirantes e SBT aglutinam juntas 668 veículos em todo o
país. São 309 canais de televisão, 308 canais de rádio e 50 jornais
diários. Ainda de acordo com a EPCOM, só a Globo detém 33,4% do total de
veículos ligados às redes privadas nacionais de TV e controla o maior
número de veículos em todas as modalidades de mídia: 61,5% de TVs UHF;
40,7% dos jornais; 31,8% de TVs VHF; 30,1% das emissoras de rádio AM e
28% das FM.
Recentemente, La Rue também se posicionou a favor da
Ley de Medios da Argentina, aprovada em 2009, a qual estabelece que
qualquer empresa pode deter no máximo 35% do mercado a nível nacional e
24 licenças. O Clarín, principal conglomerado de comunicação do país,
detém 240 licenças, sendo dono de 41% do mercado de rádio, 38% da TV
aberta e 59% da TV a cabo.
O relator da ONU chegou ao país na
terça-feira (11), a convite do Fórum Nacional pela Democratização da
Comunicação (FNDC), movimento que reivindica um novo marco regulatório
para a mídia. Na sua passagem por Brasília (DF), encontrou-se com os
ministros Paulo Bernardo (Comunicações), Maria do Rosário (Direitos
Humanos) e Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência).
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