Mobilização e manifestação: evento da sociedade civil discute problemas ambientais, econômicos, sociais, religiosos e raciais
A Cúpula dos Povos foi aberta nesta sexta-feira (15) no Rio como um contraponto às discussões oficiais da Rio+20.
Organizado pela sociedade civil, o evento busca mobilizar a sociedade e pressionar os líderes globais que se reunirão do outro lado da cidade.
Organizado pela sociedade civil, o evento busca mobilizar a sociedade e pressionar os líderes globais que se reunirão do outro lado da cidade.
Enquanto a conferência oficial no Riocentro, na Barra, é
restrita a participantes credenciados, que só entram depois de passar
por um forte controle de segurança, a Cúpula dos Povos é aberta ao
público, em tendas ao ar livre no Aterro do Flamengo.
Ela é aberta também às tribos e discussões mais diversas, em
mesas de debate e painéis geridos pelos próprios participantes, buscando
promover a mobilização social.
Problemas ambientais, econômicos, sociais, religiosos, raciais,
políticos e de minorias serão discutidos no evento pelos “99%”, afirma a
ativista norte-americana Cindy Wiesner, em alusão ao movimento que
ocupou Wall Street, em Nova York, no ano passado.
“Aqui estão os verdadeiros defensores dos direitos da
população. No Riocentro estão o outro 1%, como dizemos em nosso
movimento. Não confiamos nas decisões que vão tomar”, diz ela,
integrante do Grassroots Global Justice Alliance, uma das 35 redes
internacionais que ajudaram a organizar o evento.
Representante de outra rede coordenadora, a Via Campesina, Luiz
Zarref destaca a presença de “quase todas as organizações sociais
brasileiras” no evento, entre representantes de indígenas, quilombolas,
mulheres, religiosos, estudantes, pequenos agricultores e outros grupos.
Zarref afirma que o objetivo do evento é estabelecer um contraponto ao que está sendo desenhado no Riocentro.
“Nossa expectativa na conferência é que não vai haver benefícios para os povos, para o planeta ou para o meio ambiente, e sim uma nova engenharia do sistema capitalista que está em crise, e que está tentando descobrir novas ferramentas para se apropriar dos territórios dos países do sul.”
“Nossa expectativa na conferência é que não vai haver benefícios para os povos, para o planeta ou para o meio ambiente, e sim uma nova engenharia do sistema capitalista que está em crise, e que está tentando descobrir novas ferramentas para se apropriar dos territórios dos países do sul.”
20 anos depois
A Cúpula dos Povos é inspirada no Fórum Global da Rio 92, o primeiro grande encontro internacional da sociedade civil, realizado também no Aterro do Flamengo.
A Cúpula dos Povos é inspirada no Fórum Global da Rio 92, o primeiro grande encontro internacional da sociedade civil, realizado também no Aterro do Flamengo.
Mais de 1.200 atividades estão programadas até o dia 23, e a
expectativa é que entre 25 mil e 30 mil pessoas passem pelo evento
diariamente.
No primeiro dia da cúpula, o público ainda não era tão
expressivo. Mas grande parte dos ativistas ainda estão a caminho, em
ônibus que estão trazendo cerca de 15 mil pessoas para a cidade. Eles
ficarão acampados no Sambódromo, em escolas públicas e na Univercidade
Federal do Rio de Janeiro.
O evento terá plenárias e três grandes assembleias para buscar
um posicionamento consensual sobre as raízes dos problemas e soluções
possíveis para o futuro. E para combater o conceito de “economia verde”
que vem sendo defendido no âmbito oficial.
Para Luiz Zarref, o modelo é uma “falsa solução”, que busca
estabelecer soluções de mercado para perdas na natureza, como nos
créditos de carbono adquiridos por países emissores.
Conversa com Ban Ki-moon
Os organizadores dizem não acreditar nas discussões em andamento no Riocentro. Assim, a meta não é sentar à mesa de negociações com os líderes políticos.
Os organizadores dizem não acreditar nas discussões em andamento no Riocentro. Assim, a meta não é sentar à mesa de negociações com os líderes políticos.
Mas os resultados alcançados serão apresentados ao
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que solicitou uma reunião com os
movimentos sociais, diz Cindy.
Uma delegação de 35 pessoas vai apresentar os principais resultados das discussões ao secretário no dia 20.
“Não vamos participar das negociações, mas isso é uma maneira de mandar o recado sobre o que está acontecendo aqui”, diz.
Acesse aqui o site da Cúpula dos Povos
Vejas os vídeos do ato público da Cúpula dos Povos, realizado em 28.01.12:“Não vamos participar das negociações, mas isso é uma maneira de mandar o recado sobre o que está acontecendo aqui”, diz.
Acesse aqui o site da Cúpula dos Povos
Luiz Zarref, engenheiro florestal, especialista em agroecologia e militante do MST:
Carmen Foro, secretária de meio ambiente da Central Única dos Trabalhadores (CUT):
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