Haddad é adorado pelo povo (Flickr/Fernando Haddad) |
"Fernando Haddad, que vai crescendo à medida em que
passa a ser mais conhecido do eleitorado e reconhecido como o candidato
do PT", diz Wagner Iglecias.
As pesquisas de intenção de voto
divulgadas nesta semana para a prefeitura de São Paulo trouxeram boas
novidades para Celso Russomanno (PRB), que parece ir se consolidando na
liderança, e para Fernando Haddad, que vai crescendo à medida em que
passa a ser mais conhecido do eleitorado e reconhecido como o candidato
do PT. A José Serra, do PSDB, couberam péssimas notícias, de queda nas
intenções de voto e de aumento vigoroso no índice de rejeição. Pergunta:
como pode aquele que era considerado favorito na disputa, há algumas
semanas, estar enfrentando este cenário, com chances de nem mesmo
qualificar-se para o 2º turno?
Por *Wagner Iglecias, especial para o Blog da Maria Frô
As razões devem ser muitas. Uma delas,
óbvia, é o apoio de Gilberto Kassab e a imediata associação que o
eleitor faz de Serra com uma gestão que é avaliada pela maioria dos
paulistanos como bastante ruim. De fato há em São Paulo neste momento
uma aspiração por mudança, ainda que vaga. E, talvez indo mais além,
pode estar se gestando um sentimento, ainda meio difuso, de percepção de
esgotamento de material, relativo não apenas a Kassab e a Serra, mas ao
consórcio que domina a cidade há quase uma década e que se encontra no
comando do estado há quase vinte anos.
Mas a questão não é só essa. A questão é
Serra, a forma como se relaciona com o meio político e a maneira como
se apresenta à sociedade. Sobre o meio político é notória a quantidade
de desafetos que colecionou. Em relação à forma como se apresenta a
sociedade, lembremos que nos últimos dez anos Serra disputou
simplesmente quatro das cinco eleições possíveis. Provavelmente seja um
caso único num período tão curto de tempo. Foi candidato à presidência
da república em 2002, à prefeitura de São Paulo em 2004, ao governo do
estado em 2006 e novamente à presidência em 2010. E sempre com o velho
mote da casinha pobre da Moóca, da banca de frutas do Mercado Municipal,
do homem dos genéricos, do melhor ministro da saúde que este país já
teve, do criador das escolas técnicas, do criador dos mutirões da saúde
etc, etc, etc. Fez campanhas errantes – por vezes colocou-se claramente
como o candidato anti-PT, como na eleição contra Marta Suplicy, em 2004.
Por outras, tentou apresentar-se como o oposto disto. Quem não se
lembra do “Zé amigo do Lula”, ou do “sai o Lula, entra o Zé”, de 2010?
Por falar em 2010, carregou sua biografia e seu partido para geografias
sociais e políticas relativamente “exóticas” ao militante tucano mais
tradicional, como quando aproximou-se de lideranças católicas
conservadoras e pastores das mais variadas denominações evangélicas.
Acabou com isto ou para isto levando para a campanha presidencial
daquele ano uma agenda calcada em questões morais que fariam corar o
antigo economista que um dia escreveu livros e artigos sobre a economia
brasileira e sua inserção na ordem mundial.
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