A prisão preventiva do ex-ministro da Casa Civil não é
apenas uma decisão arbitrária, sem provas e motivos razoáveis, o que já
bastaria para ser repudiada.
Por Breno Altman - Opera Mundi
Trata-se de evidente manobra política, operando na lógica do
golpismo.
Como já havia ocorrido com a detenção de Vaccari, a nova
reclusão do principal líder da história petista depois de Lula é efetivada
praticamente às vésperas do programa nacional do PT ir ao ar, o que está
previsto para o próximo dia 6.
Também serve de combustível para as manifestações da
direita, convocadas para 16 de agosto.
Um terceiro objetivo igualmente sobressai: tirar Eduardo
Cunha do centro das denúncias, arrastando o PT e os governos Lula-Dilma para a
linha de tiro, mais uma vez usando José Dirceu como símbolo e alvo.
O mais importante, porém, é que a prisão do ex-chefe da Casa
Civil foi anunciada pela Procuradoria Geral da República e pela Polícia Federal
através de uma narrativa que faz um cavalo-de-pau na caracterização da Operação
Lava Jato.
Antes, a explicação predominante era que se tratava de um
cartel empresarial na Petrobras que pagava propinas para diretores da empresa e
partidos políticos.
Agora, na versão dos procuradores, fala-se de um esquema
criado pelo primeiro governo Lula, sob o comando de José Dirceu, para comprar
apoio parlamentar. Uma espécie de segundo "mensalão", enfim.
Não precisa de muita observação para percebermos que estamos
diante de uma maquiagem sorrateira que tem como meta essencial levar o
ex-presidente da República aos tribunais e, talvez, à prisão.
Não ira demorar para ser apresentado o próximo capítulo: se
Jose Dirceu, então ministro, montou o suposto "esquema de propina",
mas suas atividades continuaram depois de 2005, quando ele não era mais
ministro, quem teria mantido o funcionamento da operação? Quem seria o chefe do
chefe?
Se o governo e o PT não saírem da pasmaceira e continuarem a
aceitar em silêncio, com a cabeça debaixo da terra, os movimentos da República
de Curitiba, logo será tarde demais para defender o processo de mudanças
iniciado em 2003 e seu líder histórico.
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