16 de jul. de 2009

UNE defende utilização pública de recursos do pré-sal

A esplanada dos ministérios foi tomada por cerca de cinco mil estudantes nesta tarde de quinta-feira que reivindicavam a destinação a políticas públicas com os recursos advindos do petróleo descoberto na camada pré-sal. O ato fez parte da abertura do 51º Congresso da UNE, o Conune, que levou a Brasília cerca de 15 mil estudantes.

Além da UNE e outras entidades de representação dos estudantes também participaram do ato diversas centrais sindicais e movimentos populares. Este é o primeiro grande ato que tem como tema o petróleo. De acordo com as lideranças, o tema está em evidência não somente por conta da descoberta de reservas petrolíferas no litoral brasileiro, mas também por causa da CPI da Petrobrás.

Em maio, a CPI foi aprovada no Senado Federal após uma manobra do PSDB, que colocou a votação para criar a comissão em um dia com plenário esvaziado, argumentandoo que faltava transparência nos contratos da estatal. O governo acusa a oposição de querer desviar a atenção da crise política e minar a empresa estatal com o objetivo de abrir portas para sua privatização.

"A CPI, para o governo Lula, pode ter o seu aspecto positivo, porque assim ele pode desmascarar os desmandos que ocorreram na Petrobrás sob o governo tucano com os marcos regulatórios. Só que, para a sociedade, é ruim, porque o Congresso vai ficar concentrado nisso e não vai dar continuidade na votação das pautas", analisa Tales de Castro, atual vice-presidente da UNE e membro do movimento Mudança, vinculado ao PT.

Os sindicalistas da área petroleira agradeceram a participação dos estudantes no ato em defesa do petróleo e da estatal. "Mostra que nossa juventude tem senso patriótico, porque ela também é responsável por esse país. Os recursos das estatais vão beneficiar esses jovens", diz Acassiano Carneiro, coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Amazonas.

Ele vê na CPI uma forma da oposição desestabilizar o governo em período pré-eleitoral, mas acredita que dessa forma pode ser desmentido os ganhos que poderiam haver com uma privatização. "Vai ser bom para desmascarar o mito da privatização", coloca Tales.

Segundo Lúcia Stumpf, presidente da UNE, com a descoberta do petróleo da camada pré-sal, haverá agora uma disputa por quem vai ficar com essa riqueza. "Temos que defender a Petrobrás para que seus recursos dejam destinados para a população, para o jovem, para o trabalhador". Ela entende que a CPI da Petrobrás veio agora para fazer essa disputa política não só por conta da descoberta das reservas, mas por conta do ano pré-eleitoral. O discurso tem sido questionado porque a Petrobrás entrou com um patrocínio de R$ 100 mil para a realização deste Conune. No entanto, Lúcia afirma que a empresa sempre patrocina os congressos e bienais da entidade e que não vê mal em uma empresa estatal patrocinar o movimento estudantil. "Este dinheiro é do povo, também é dos estudantes", defende. E afirma que "não há nenhuma influência política do governo e da empresa no direcionamento das pautas tocadas pela entidade". Racha

O PSOL, que esteve presente com seus coletivos de jovens, saiu assim que os manifestantes chegaram na frente do prédio da Petrobrás. Entre gritos da situação e da oposição da UNE, surgiu um tumulto, que foi rapidamente controlado, mas que, para os militantes do PSOL, foi o suficiente para não continuar participando da manifestação.

Apesar de Lucia ter convidado os militantes do PSOL a subirem no carro para falarem ao microfone, o partido se negou a participar. Segundo Nathalie Drumond, militante do partido, a UNE está fazendo o jogo do governo ao fazer um ato pela Petrobrás, e acusa a entidade de não defender os estudantes contra as iniciativas de precarização do ensino superior no Brasil.

(Foto: Valter Campanato/ABr)

Camila Souza Ramos, de Brasília - 16.07.09 - Revista Forum

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