3 de jun. de 2009

Imprensa/Serra x Professores Estaduais

Do Blog Eco Do Jurandir - Fev.09

Repercussão na Imprensa
Algumas semanas atrás, correu na imprensa a notícia, plantada pela secretaria de educação do estado de São Paulo, de que "1.500 professores" que fizeram a "provinha" zeraram. Isso bastou para que os bajuladores (para não dizer puxas-sacos) do governo tucano de José Serra na imprensa caíssem de pau em cima de toda classe docente pública, ainda mais sobre os temporários (dos quais me incluo), pois o sindicato (Apeoesp) conseguiu liminar na justiça anulando a prova. Mesmo que esses que zeraram represente 0,7% do total que fez a prova, a imprensa fez coro as insinuações e ilações da secretaria da educação. A respeito da "prova", eu fui prejudicado pela derrubada desta, mas acho que a forma como era feita a contagem de pontos era errada. A contagem dos pontos para a classificação poderia ser assim: 60% da nota seria o tempo de serviço e os 40% a nota da prova e não 50% e 50% cada um. Acho que equilibraria um pouco mais essa questão.
Quando o governo Serra anunciou que aplicaria essa prova, o articulista Gilberto Dimestein do jornal Folha de S.Paulo teve a coragem de escrever um texto com o seguinte título: "Parabéns Governador". Se Gilberto soubesse da verdadeira situação que os professores trabalham ele daria parabéns à estes e não à um governante autoritário e mesquinho como Serra. É a bajulação da grande imprensa, principalmente paulista, a qual falei a pouco.
Educação é política
A educação é tema complexo, mas algumas questões são unanimidades entre os professores para melhorar o ensino. A primeira é o salário, pois como já escrevi, como alguém com família para sustentar vive com R$ 1.500? Ou seja sobrevive, pois imagine viver com essa quantia em uma cidade como São Paulo? A segunda é a "aprovação continuada" ou como acabou virando "automática", pois aquele aluno que te encheu o ano inteiro e não fez nada é aprovado pelo conselho e no próximo ano você tem que aguentá-lo novamente zombando da sua cara. O que muitos não percebem que por trás de tudo isso há a questão política, a qual a maioria é avesso a discussão, mas infelizmente é a realidade. Para o governo, no caso atual o de Serra e seu partido que há 14 anos governa o estado, essa aprovação continuada caiu como uma luva, pois políticos e seus respectivos partidos só querem saber de estatísticas positivas. Se os professores fossem cobrar mesmo o conhecimento dos alunos e os que não merecessem pudessem ser reprovados sem a pressão das diretorias, o índice de reprovação aumentaria enormemente. Acho que pelo menos metade de cada classe, dependendo do caso, seria reprovada. Com isso a evasão escolar também aumentaria, o que puxa as estatísticas sobre o tema para cima. Agora, imaginem na campanha de 2010 o Serra ter que responder que no estado onde governou, o índice de alunos reprovados aumentou 50% e a evasão uns 30% ? Isso é inadmissível politicamente falando!! Por isso há uma certa pressão sobre as escolas para não reprovar aluno e pra piorar criou um ranking de escolas com base na aprovação destes. Isso também reforça o compromisso das escolas em aprovar o maior número possível de alunos e diminuir a evasão e para isso pressiona os professores a praticamente darem notas à alunos indisciplinados e com baixo nível de aprendizagem. Isso tudo para que as verbas para as escolas seja mais facilmente liberadas ou até aumentadas. Isso não garante qualidade de ensino e o governo ignora as diferentes realidades que cada escola enfrenta. Contrariando as atuais teorias educacionais (Construtivismo por exemplo) acho que a educação tem que ser oferecida pelo estado à todos, mas com regras que antes funcionavam como a expulsão. Dentro da escola deve haver regras e quem não se adequa a essas e não respeita minimamente seus profissionais (inclui professores, diretores e funcionários da escola) não pode continuar lá e uma vez expulso só poderá voltar a estudar no ano seguinte. Parece autoritário, mas pra quem vive diarimente essa realidade sabe que não há mais alternativas. Como disse, tudo isso é conveniente ao governo estadual, pois continua remunerando mal seus profissionais e estes tendo que aturar situações extremamente desgastantes. Mas como já disse, se os filhos e netos do governador, da secretária e dos deputados estaduais estudassem na escola pública esse quadro atual mudaria. Eles acham o salário do professor estadual suficiente, mas matriculam seus filhos em escolas que a mensalidade, ás vezes, é igual ao salário do docente estadual e onde os professores ganham muitas vezes mais.
Debate na Imprensa Piracicabana
Aqui em Piracicaba a maior parte da imprensa também é tucana e conta com alguns articulistas que praticamente escrevem como se fossem assessores de imprensa do governador e também do prefeito da cidade que também é tucano e amigo de Serra. No jornal A Tribuna Piracicabana, o qual sempre publica os meus textos, há um jornalista desse tipo. Romualdo Cruz é polêmico e necessário ao debate que fomenta no jornal, mas acredita em todas as notas oficiais dos políticos tucanos fazendo a defesa incondicional destes. No link abaixo esta o texto dele, o qual diz que o salário não é importante para a qualidade da educação e para embasar sua tese, a qual defende o posicionamento do governo Serra, escolhe a opinião do Ministro da Educação do ..... Chile!!!! O pior é que tirou isso das páginas amarelas da revista Veja.
http://www.tribunatp.com.br/modules/news/article.php?storyid=2125
Depois de ler isto não consegui conter minha discordância e enviei ao jornal uma resposta à esse artigo como uma resposta de um professor e não de um sindicalista, pois Romualdo assim como os tucanos acham que todos os professores estaduais são sindicalistas e por isso devem ser combatidos. Vai abaixo o link do meu texto na Tribuna.
http://www.tribunatp.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=459
Quem tiver a paciência de ler os textos do debate, pode contribuir opinando aqui no blog. Agradeço mais uma vez ao Érich Vicente que publica os textos e dinamiza o debate na imprensa piracicabana.

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