29 de abr. de 2010

Cineasta dos EUA assina perfil de Lula na “Time”

Michael Moore faz paralelo entre Brasil e EUA e diz que morte da 1.ª mulher determinou ingresso de líder brasileiro na política.

A revista “Time” incumbiu o polêmico cineasta americano Michael Moore, vencedor do Oscar de melhor documentário em 2003 por “Tiros em Columbine”, de escrever o perfil que apresentaria ao leitor o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, como um dos 25 líderes mundiais mais influentes do mundo.

No perfil, Moore, de 56 anos, apresenta Lula como um “genuíno filho da classe trabalhadora da América Latina” e fundador do Partido dos Trabalhadores, lembrando que ele foi preso por liderar uma greve.

Segundo Moore, quando Lula foi eleito pela primeira vez, em 2002, “os barões usurpadores” do Brasil foram “verificar os medidores de combustível de seus jatinhos”. Por quê? “Eles haviam transformado o Brasil em um dos locais mais desiguais da Terra” e interpretaram a eleição de Lula como a “hora da vingança”.

No texto, o diretor mundialmente conhecido por “Fahrenheit 11 de Setembro” e “Sicho – $O$ Saúde” é categórico ao negar os argumentos que poderiam ser usados para explicar a motivação de Lula para entrar na carreira política.

Para ele, Lula não se tornou um político por ter consciência do quanto é necessário trabalhar duro no Brasil para vencer. Ou por ter sido forçado a abandonar a escola na quinta série para apoiar sua família. Ou por seu trabalho como engraxate. Ou ainda pela perda de um dos dedos em um acidente de fábrica.

Numa indicação de que deve ter assistido ao filme “Lula, o Filho do Brasil”, de Fábio Barreto, Moore afirma que o fator determinante para a carreira política do líder brasileiro aconteceu aos 25 anos, quando testemunhou a morte de sua primeira mulher durante a gestação de um filho, porque “não podia pagar assistência médica decente”.

Ao fazer a afirmação, Moore completa: “Aqui há uma lição para os bilionários do mundo: Deixem as pessoas terem boa assistência à saúde, e elas não lhes causarão muitos problemas.”

Apesar de usar a palavra “mundo” com “bilionários”, o cineasta nesse trecho parece se referir a uma questão que lhe é cara: a problemática assistência à saúde nos EUA, tema de seu documentário “Sicko”. Em seu ativismo, o cineasta foi um dos mais ardorosos defensores da reforma da saúde aprovada no Congresso americano em março, após meses de disputa acirrada nos EUA.

No perfil, Moore também lembra o “Fome Zero”, que virou marca registrada de Lula mundialmente, para criticar os EUA. Moore diz que Lula usa o Fome Zero e “planos para melhorar a educação” para tentar levar o Brasil para o “primeiro mundo”, enquanto “os Estados Unidos se parecem mais com o terceiro mundo a cada dia”.

O cineasta termina o texto fazendo um novo paralelo entre Lula e os EUA. Segundo ele, o que Lula quer para o Brasil “é o que costumávamos chamar de American Dream (sonho americano)”. “Nós, nos Estados Unidos, onde os 1% mais ricos têm mais riquezas do que os 95% mais pobres somados, estamos vivendo em uma sociedade que está rapidamente ficando parecida com o Brasil”, completa.

*Com BBC
Rizzolo: Michael Moore é um cineasta progressita dos EUA, pertence a uma classe de artístas que tentam demonstrar a perversa lógica do consumismo, do capitalismo, do individualismo em detrimento ao coletivo. Sua análise em relação à Lula corresponde à visão crítica que possui sobre o sistema de saúde americano. Com muita propriedade aborda características desse líder nato, trabalhador brasileiro que com sua sensibilidade e acesso a uma dialética popular lógica, chegou a esse patamar de popularidade. Hoje Lula é um orgulho do Brasil.

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