27 de dez. de 2009

Serra e Kassab sabem como cuidar da propaganda e do povo de São Paulo




Morre menino de 6 anos de bairro alagado, vítima de enchente em SP

 

Do Blog do Favre - Dec/2009

 

Menino de 6 anos foi internado no sábado após sentir febre e dores; médicos suspeitam de leptospirose

 

Renato Machado – O estado SP


Uma criança morreu na tarde de ontem com suspeita de leptospirose na Vila Itaim, um dos bairros alagados há duas semanas na zona leste de São Paulo. Isaac de Souza Lima, de 6 anos, foi internado na noite de sábado no Hospital Santa Marcelina, em Itaquera, após sentir fortes dores no corpo e febre alta. A suspeita foi relatada à família pelos médicos do hospital. A Secretaria Municipal de Saúde confirmou a morte, mas informou que investiga as causas.
A leptospirose é uma doença provocada pelo contato com a urina de ratos e é comum em casos de enchentes. Ela pode causar a morte se não for tratada rapidamente e de maneira adequada. Os principais sintomas são febre alta, mal-estar, dor de cabeça, dores musculares, além de vômito e diarreia.
Isaac vivia com os pais e dois irmãos na Viela Paulista, uma via de terra próxima ao Rio Tietê, onde são formadas “lagoas” com a água represada. As chuvas do dia 8 obrigaram muitos moradores a deixarem suas casas e se abrigarem na Escola Flávio Augusto Rosa. Quando a água baixou, quase todos voltaram para suas residências, embora ainda ontem houvesse lama e áreas alagadas na região.
Familiares contam que, na quinta-feira, ele começou a se queixar de dor no braço e “bolinhas” semelhantes a uma alergia. Na sexta-feira, já com febre e dores, os pais o levaram à Assistência Médica Ambulatorial (AMA) do Jardim Romano. “Os médicos disseram que deveria ser algo que ele comeu e deram alguns remédios”, contou a prima Elaine Sales, de 35 anos.
“Liberaram ele, assim como fizeram com o meu filho”, disse o vizinho Maurício Teixeira de Souza. Seu filho tem 9 anos e, no início da semana, apresentou febre alta e fortes dores de cabeça e no corpo. Ele foi diagnosticado como tendo uma “virose”, medicado e passa bem. No sábado, o quadro de saúde de Isaac se agravou e os pais resolveram levá-lo ao Hospital Santa Marcelina, onde foi internado e morreu ontem, às 14 horas.
A Secretaria Municipal de Saúde confirmou que há dez casos suspeitos de leptospirose na região do Jardim Romano e bairros vizinhos que estão alagados. Dois casos resultaram em internações, mas os pacientes já tiveram alta. Sobre Isaac, a pasta afirma que será feito um exame de identificação da doença no Serviço de Verificação de Óbitos. A secretaria também informou que os exames de leptospirose são feitos após sete dias de sintomas, pois antes podem dar o resultado de “falso negativo”, quando pode haver a doença, embora ela ainda não tenha se manifestado.

Bairro alagado em São Paulo já tem 9 casos suspeitos de leptospirose

Casas encontram-se infestadas de larvas nascidas na água suja e parada e há grande procura nos postos de saúde

Renato Machado e Eduardo Reina – O Estado SP

Além dos transtornos provocados pelas ruas alagadas há duas semanas, os moradores da região do Jardim Romano e de bairros vizinhos na zona leste de São Paulo começam a sofrer com as doenças transmitidas pela água, como leptospirose e diarreias. A Secretaria Municipal de Saúde contabilizou pelo menos nove casos suspeitos de leptospirose, transmitida pela urina de ratos. A doença pode ser fatal, caso não seja adequadamente tratada. As sete unidades de saúde da região registram ainda grande demanda de pacientes com diarreia, dor de cabeça, febre e vômitos.
A casa da aposentada Rosalina dos Santos, de 63 anos, como muitas outras, está infestada de larvas que nasceram na água suja que inundou o local. “Estou morrendo de medo porque não sei se é dengue ou algo pior. Minha casa e de todos os meus vizinhos estão cercadas por essas coisas”, diz Rosalina.
O perigo de infecção por doenças transmitidas pela água contaminada “é imediato”, de acordo com o infectologista Artur Timerman, do Albert Einstein. “Essa população precisaria de antibióticos para evitar a leptospirose. O correto seria tomar vacina também contra hepatite e febre tifoide.”
Todos os casos suspeitos de leptospirose são de moradores com dor no corpo, febre alta e mal-estar. As primeiras suspeitas provocaram uma corrida em busca de atendimento e, por isso, a Assistência Médica Ambulatorial (AMA) registrou grande movimento. “Comecei a sentir fortes dores no corpo e febre alta. Fiquei preocupada porque todo mundo só fala nessa leptospirose”, diz Alda Rosânia Almeida, de 42 anos. Seu filho teve os mesmos sintomas na madrugada do dia 16. Um exame de sangue foi feito e não apontou nada. “Hoje (ontem) eu vim e não me pediram exame. Só me deram injeções de dramin e dipirona. E me disseram para voltar se continuar os sintomas. Aí não pode ser tarde?”
Um segurança da AMA e duas atendentes confirmaram que houve um aumento no movimento. Mesmo assim, a Secretaria de Saúde informou que houve somente 158 atendimentos até as 17 horas de ontem, ante uma média diária de 180.

“Gestão” Kassab vai remover as famílias dos bairros inundados, mas ainda não sabe para onde







“Até ontem, Persoli (subprefeito de São Miguel Paulista), nove dias passados da primeira enchente de dezembro, ainda não tinha a menor ideia de para onde deverão começar a ser levadas as famílias removidas. “Ainda não fui informado”, disse. À Folha, a Secretaria Municipal da Habitação disse que só hoje poderá falar sobre a disponibilidade de vagas em conjuntos residenciais voltados à moradia popular. Ou sobre planos para a construção de novas unidades.
Tudo o que a prefeitura tinha até ontem para oferecer aos flagelados era uma bolsa-aluguel, de R$ 300 por mês, a serem pagos durante seis meses, renováveis por igual período.
No primeiro dia do cadastramento de famílias que topavam sair de suas casas alagadas em troca da bolsa, apenas 15 se inscreveram. Faltam 7.485.
“Não existe quem cobre um aluguel nesse valor, ainda mais sem uma garantia de que, depois de seis meses, continuará a receber”, disse Ronaldo Delfino, 46, líder comunitário do Jardim Pantanal. “Ninguém largará suas casas, ainda que precárias, sem garantia de que receberá moradia digna.”
(Folha SP – caderno COTIDIANO – 19/12/2009)

O governador Serra deve explicações à população de São Paulo


Rua do Jardim Romano totalmente alagada, em imagem registrada à tarde. Foto: Sérgio Neves/AE


Ontem, matéria da UOL informava que foi uma decisão dos responsáveis estaduais, inundar os bairros da zona leste, para tentar preservar de alagamento a Marginal Tietê. Este fato exige explicações das autoridades e do governador José Serra.
Vale lembrar o que disse a reportagem da UOL:
“As seis comportas da barragem da Penha, na zona leste de São Paulo, foram completamente fechadas às 2h50 do dia 8 de dezembro, dia em que a cidade enfrentou fortes temporais e viu diversos pontos alagarem como há muito tempo não se via. Somente dois dias depois, às 17h20, todas as comportas foram abertas. Os dados, fornecidos pelo engenheiro responsável pela barragem, João Sérgio, indicam que houve uma clara escolha da empresa responsável: alagar os bairros pobres da zona leste para evitar o alagamento das marginais e do Cebolão, conjunto de obras que fica no encontro dos rios Tietê e Pinheiros.” (UOL – ver Comportas fechadas na barragem da Penha para proteger a marginal ajudaram a alagar a zona leste de SP).
Foi claramente escolhido inundar os bairros pobres da zona leste?
É isso?
Foi uma decisão clara fazer isto com a população mais pobre da cidade?
E vai ficar por isso mesmo?
Foram estas as perguntas que formulei e não fui o único. Dezenas de twitters deram conta destes fatos e vários blogs repercutiram as informações da UOL.
Hoje, a Folha SP, em editorial, destaca:
“AINDA NÃO está completamente esclarecida a sucessão de eventos, além da forte chuva, que levou ao alagamento de seis bairros no extremo leste da cidade de São Paulo. Há mais de uma semana água e esgoto sem tratamento se misturam, cobrem ruas e invadem casas na região conhecida como Pantanal, prejudicando a vida de cerca de 10 mil pessoas.
Embora o local seja impróprio para moradia, por se tratar de área de várzea, facilmente alagável, inundações como a dos últimos dias são incomuns.
Ao mesmo tempo, já se sabe que uma barragem, responsável pelo fluxo de água para o Tietê nas proximidades do Pantanal, foi fechada na terça-feira, dia 8, durante a forte tempestade que atingiu São Paulo. A contenção do fluxo de água que chegava àqueles bairros deve ter contribuído para o transbordamento do rio na região.
É razoável supor, com a informação disponível, que uma decisão bem intencionada -que buscaria diminuir efeitos de enchentes em outras áreas às margens do Tietê- possa ter agravado o alagamento.”
(Editorial ALAGADOSFolha SP 19/12/2009).
O jornal AGORA, do mesmo grupo Folha, também faz referência a esses graves fatos, no seu editorial.
Curiosamente, nenhuma matéria com apuração do ocorrido, cobrando informação ou explicação dos responsáveis, apareceu nos cadernos e páginas dedicados aos problemas das inundações e enchentes. Os leitores de ambos jornais, ignoram tudo do que os editoriais falam. Não tiveram acesso nos jornais, às informações veiculadas pela UOL, que também faz parte do conglomerado empresarial da Folha.
Já o grupo Estado, não disse uma palavra sobre o assunto. Ignorando olimpicamente a gravidade do acontecido.
Em tudo caso, e apesar do recesso parlamentar, os deputados e vereadores não podem dar de ombros sobre o assunto. As entidades de moradores e da sociedade civil, tampouco. O MP deve apurar e passar a limpo o acontecido, para desvendar as responsabilidades nas gravíssimas conseqüências provocadas a milhares de pessoas que perderam tudo.
LF

Kassab corta às verbas do combate a enchente e igual que Serra, investe em publicidade


Mortes por chuva em dezembro em SP já superam vítimas do verão de 2008 inteiro

José Serra deve explicações ao povo de São Paulo

“As seis comportas da barragem da Penha, na zona leste de São Paulo, foram completamente fechadas às 2h50 do dia 8 de dezembro, dia em que a cidade enfrentou fortes temporais e viu diversos pontos alagarem como há muito tempo não se via. Somente dois dias depois, às 17h20, todas as comportas foram abertas. Os dados, fornecidos pelo engenheiro responsável pela barragem, João Sérgio, indicam que houve uma clara escolha da empresa responsável: alagar os bairros pobres da zona leste para evitar o alagamento das marginais e do Cebolão, conjunto de obras que fica no encontro dos rios Tietê e Pinheiros.” (UOL – ver Comportas fechadas na barragem da Penha para proteger a marginal ajudaram a alagar a zona leste de SP).
Foi claramente escolhido inundar os bairros pobres da zona leste?
É isso?
Foi uma decisão clara fazer isto com a população mais pobre da cidade?
E vai ficar por isso mesmo?
LF

Comportas fechadas na barragem da Penha para proteger a marginal ajudaram a alagar a zona leste de SP

Fabiana Uchinaka – UOL Notícias

As seis comportas da barragem da Penha, na zona leste de São Paulo, foram completamente fechadas às 2h50 do dia 8 de dezembro, dia em que a cidade enfrentou fortes temporais e viu diversos pontos alagarem como há muito tempo não se via. Somente dois dias depois, às 17h20, todas as comportas foram abertas. Os dados, fornecidos pelo engenheiro responsável pela barragem, João Sérgio, indicam que houve uma clara escolha da empresa responsável: alagar os bairros pobres da zona leste para evitar o alagamento das marginais e do Cebolão, conjunto de obras que fica no encontro dos rios Tietê e Pinheiros.
“Mesmo fechando as comportas, encheu o [córrego] Aricanduva. Se eu não tivesse fechado aqui, teria alagado as marginais e toda São Paulo”, justificou Sérgio, que explicou que a decisão vem da direção da Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia). Ele acrescentou ainda que no dia 9 duas comportas foram abertas às 10h10 e mais duas às 21h.
O engenheiro argumenta que cada barragem (são quatro em São Paulo: Móvel, Penha, Mogi das Cruzes, Ponte Nova) é responsável apenas por administrar o fluxo de água do local e não sabe o que acontece nos outros pontos, porque não há comunicação. Mas ele acredita que as comportas foram abertas nas barragens de cima, em Mogi, e isso influenciou no alagamento da região da zona leste.
“Não recebo informações de outras barragens. As de cima são administradas pela Sabesp e as de baixo pela Emae. Eu só respondo por essa barragem e às ordens da Emae”, disse. “Também acho estranho o nível da água não baixar aqui e não sei por que está indo para os bairros, mas não precisa ser especialista para ver que está assoreado [o rio]“.
Ele trabalha há quase 15 anos no local e conta que desde o governo de Orestes Quércia (1987-1991) não são colocadas dragas para desassorear o rio na parte que fica acima da barragem. “O governo tentou colocar de novo, mas a própria Secretaria de Meio Ambiente não deixou, porque não tinha bota-fora [local para despejar a terra retirada]“, afirmou.
O desassoreamento do rio daria mais velocidade ao escoamento da água e aumentaria a área de reserva de água perto da barragem, o que impediria o transbordamento para os bairros adjacentes.
Para Ronaldo Delfino de Souza, coordenador do Movimento de Urbanização e Legalização do Pantanal, o governo fez uma opção. “Ou alagava a marginal ou matava as pessoas no Pantanal. E matou”, disse. “E ainda bota a culpa nas moradias. O Estado só se preocupa com o escoamento de mercadorias, só pensa em rodovia. Vida humana não importa”.
Moradores e deputados estaduais fizeram nesta quarta-feira (17) uma inspeção no local para saber se a abertura das comportas tinha relação com o alagamento no Jardim Romano e no Jardim Pantanal, que já dura nove dias.
O movimento, formado por moradores de diversos bairros localizado na várzea do rio Tietê, acusa o governo do Estado e a prefeitura de manterem a água represada além do necessário como forma de obrigar as famílias a deixarem a região, onde será construído o Parque Linear da Várzea do Rio Tietê. Há anos, os moradores resistem em sair dali, porque dizem que o governo não apresenta um projeto habitacional concreto e apenas oferece uma bolsa-aluguel.
“Não era para as máquinas estarem trabalhando aqui? Cadê? Não tem um funcionário do governo aqui”, reclamou, apontando para as ilhas que aparecem no meio do rio, logo acima da barragem da Penha. As dragas são vistas somente na parte de baixo da construção.
“Os córregos do Pantanal já estavam muito cheios três dias antes da chuva. Como não abriram a barragem sabendo que ia chover?”, perguntou Souza, indignado. “O que a gente viu aqui é que não houve possibilidade de escoamento, porque a água ultrapassou o nível das comportas e não tinha velocidade para descer, não tinha gravidade”, concluiu.
Segundo os registros da barragem, no dia 8 a água ficou acima do nível das comportas por 5 a 6 horas. Sérgio explicou que a queda do rio Tietê é de apenas 4% e por isso a vazão demora cerca de 72 horas desde a barragem de Mogi das Cruzes até o centro da cidade — isso sem chuva. “É demorado, sempre foi”, disse.
“Imagina o que uma hora de comportas fechadas não faz de estrago lá no Pantanal”, falou Souza, diante dos dados. “Se fecha aqui, a água para de novo, perde velocidade e vai demorar mais 72 horas para descer”, afirmou.
Os deputados estaduais que acompanharam a inspeção concordam con a teoria dos moradores. “Foi feita uma escolha e a corda estourou do lado mais fraco”, afirmou o deputado estadual Raul Marcelo (PSOL). “É uma questão grave. A falta de comunicação e de um gerenciamento unificado são prova de uma falta de governância e de um planejamento na administração das barragens, o que levou, em grande parte, ao fato do bairro do Pantanal ter sido alagado”.
“Há uma estranha coincidência de que no momento da desocupação há um alagamento desses e ninguém consegue escoar a água. Não havia uma inundação dessas há 15 anos e o nível das águas está subindo mesmo sem chuva. É muito estranho e as autoridades têm que explicar”, completou o deputado estadual Adriano Diogo (PT).

Vistoria aponta que sistema de bomba do rio Tietê não teve problemas em dia de megaenchente e desmente autoridades

Guilherme Balza* – UOL Notícias

Em São Paulo
Vistoria feita por técnicos da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras da capital paulista e do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (Daee), entre 9 e 15 de dezembro, revelou que todas as bombas da marginal Tietê funcionaram normalmente no último dia 8, data em que uma megaenchente provocou caos na cidade.
Segundo a Coordenação das Subprefeituras, foi realizada uma vistoria “rigorosa” nas 26 bombas que compõem o sistema. Três delas – sob as pontes das Bandeiras, Anhanguera e da Casa Verde, locais mais atingidos na enchente do dia 8 – estão sob responsabilidade da prefeitura. Todas as restantes são administradas pelo governo do Estado.
No dia da megaenchente, o governador José Serra (PSDB) atribuiu as inundações na marginal Tietê – um dos locais mais afetados naquele dia – a um problema no funcionamento de uma bomba do sistema da usina de Traição, que fica ao lado da ponte Ary Torres, na marginal Pinheiros. “Isso comprometeu 25% da capacidade de bombeamento e estrangulou ainda mais a capacidade de escoamento do Tietê”, havia afirmado o governo, em nota.
No dia seguinte, a secretária de Saneamento e Energia do Estado, Dilma Pena, contradisse a afirmação do governador e minimizou a importância do equipamento que falhou na usina de Traição: “o que aconteceu no Tietê e em Pinheiros não pode ser creditado à bomba. Houve uma chuva muito intensa, torrencial. A bomba ajudaria ali naquele ponto, ali na Cidade Universitária. Ali a bomba ajudaria, o nível ficaria mais baixo. Ali fez falta a quarta bomba, mas para o Tietê não tem influência nenhuma”, disse.
A Prefeitura de São Paulo, na época, disse também que não ocorreram falhas em nenhuma das bombas da marginal Tietê sob sua administração. No entanto, o engenheiro Ubirajara Tannuri Félix, superintendente do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), disse que as bombas sob a ponte das Bandeiras “não conseguiram operar a contento e atrasaram o escoamento”. “Fui ao local com técnicos da Prefeitura e constatei isso”, afirmou Félix.
A gestão Kassab se negou a dar detalhes sobre falhas no sistema de escoamento de água na ponte das Bandeiras. O prefeito falou em intrigas: “Foram algumas pessoas que quiseram intrigar a prefeitura com o governo”, afirmou. Já Dilma Pena confirmou problemas no local, mas não falou em falha nas bombas. “[O problema] Foi um muro de arrimo, que protege contra passagem das águas para pista”, disse.
O resultado da vistoria na marginal Tietê e a afirmação da secretária Dilma Pena minimizando o impacto da falha na bomba da usina de Traição afastam a hipótese de que problemas em bombas potencializaram os alagamentos do dia 8 na marginal Tietê. O argumento de governo e prefeitura é que a quantidade de chuva “acima do normal” foi agente causador das enchentes.
Contudo, levantamento feito pelo UOL Notícias mostrou que historicamente a cidade já enfrentou com muito mais tranquilidade índices pluviométricos similares ou maiores do que o registrado no dia 8 deste mês. Em várias ocasiões a chuva foi maior do que no dia da mega-enchente, mas a cidade não viveu o mesmo caos.
Segundo estudo realizado pela liderança do PT na Câmara Municipal, a gestão Kassab deixou de investir R$ 353 milhões em obras de combate a enchentes. Entre 2006 e hoje, a prefeitura usou apenas 68% da verba previstas no orçamento para canalização de córregos, serviços de drenagem e construção de piscinões.
*Com informações da Agência Estado, Folha Online e de Arthur Guimarães, do UOL Notícias, em São Paulo.

Técnicos descartaram ideia de Kassab de bombear água de bairro alagado por ser inviável

‘Única solução’, segundo subprefeito, é remoção, que deve começar hoje

Ana Bizzotto – O Estado SP

Um dia após dizer que a Prefeitura usaria bombas para drenar a água dos sete bairros do distrito Jardim Helena, na zona leste, alagados há nove dias, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) admitiu ontem que a sucção da água e do esgoto não poderá ser feita. “Chegamos à conclusão de que está muito difícil a retirada dessa água encalhada, porque, na medida em que você retirar essa água, vai voltar a ter mais água”, afirmou Kassab à TV Globo, em visita ao Jardim Romano, um dos mais afetados na várzea do Rio Tietê, onde choveu à tarde.
Kassab concluiu pela inviabilidade da proposta após reunião com técnicos da Prefeitura e do governo do Estado. “Não há nenhum desnível que ofereça alternativa de bombeamento. As casas estarão sempre sujeitas a inundações. Nenhuma solução técnica é viável para resolver o problema”, justificou o subprefeito de São Miguel Paulista, Milton Persoli.
A “única solução”, segundo ele, é o cadastramento e a remoção imediata das famílias, que terá início hoje na Vila das Flores e, depois, no Jardim Romano. Até 7 mil famílias serão transferidas, para acelerar obras do Parque Várzeas do Tietê. Moradores da Vila das Flores disseram que só vão concordar com a mudança se tiverem garantia de moradia definitiva. “Se tentarem nos levar (para alojamento), vamos subir na laje ou acampar na rua. Se vão nos tirar, tem de dar moradia digna”, afirmou a diarista Maria Pastorino, de 44 anos.
A desempregada Igma dos Santos, de 34 anos, dorme há uma semana com a família na casa de amigos. “A água chegou ao pescoço. Agora baixou, mas o cheiro de esgoto é muito forte”, relatou. No Jardim Romano, a auxiliar de limpeza Marlene Guedes, de 38 anos, atravessa a alagada Rua Capachós. “Tenho de trabalhar, então não há alternativa”, afirma ela, que mora há 20 anos no local.

Chuva traz mais prejuízos à capital

Tempestade causou alagamentos, deslizamentos e falta de energia

Diego Zanchetta, Rodrigo Brancatelli, Felipe Grandin e José Maria Tomazela – O Estado SP


São Paulo voltou a viver momentos de apreensão com a forte chuva no fim da tarde de ontem, oito dias após as enchentes que deixaram 23 mortos no Estado. Pelo sexto dia neste mês, houve alagamentos, falta de luz e prejuízos ao trânsito. Na zona norte, quatro crianças ilhadas foram resgatadas pelo helicóptero da Polícia Militar. Ruas do Jardim Romano (zona leste), alagado há oito dias, que começavam a secar, voltaram a encher. O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) colocou a cidade em estado de atenção das 18h15 às 20h. Faltou energia em bairros das zonas oeste e norte, como Barra Funda, Jardim São Bento, Tucuruvi, Santana, Água Fria, Mandaqui, Santa Terezinha, Vila Mazzei e Cachoeirinha.
A capital registrou 11 pontos de alagamentos, cinco deles intransitáveis – na Avenida Antonio Munhoz Bonilha, na Casa Verde, em dois pontos da Avenida Sumaré, no Sumaré, na Praça da Bandeira e na Rua Ricardo Cavatton, na Lapa.
Às 19h30, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registrava 196 km de congestionamento, o que representava 23,5% dos 835 km de vias monitoradas. O pior ponto de lentidão ficava na Marginal do Tietê, com 14,7 km de congestionamento na pista expressa, sentido Ayrton Senna. O motorista chegou a levar até uma hora para atravessar as Pontes do Limão e da Casa Verde, ambas em obras e com o trânsito ainda mais congestionado por causa da chuva. A tempestade também dificultou a chegada a São Paulo pela Rodovia Castelo Branco. O motorista enfrentava lentidão do km 28 ao km 24, com pontos intransitáveis.
A CET informou ainda que oito semáforos apresentaram problemas. Por volta das 19h, o Corpo de Bombeiros informou que houve deslizamento de terra sem vítimas no Morro do Socó, uma favela com cerca de 700 moradores na zona norte. Pouco antes das 19h, o helicóptero Águia, da Polícia Militar, retirou quatro crianças e dois adultos de uma casa alagada na Rua Luís Antunes Cardia, em Pirituba, zona norte. Todos foram levados para o pátio de uma empresa na Estrada Turística do Jaraguá. Nenhum sofreu ferimentos. No Jardim Peri Alto, na zona norte, também houve um deslizamento sem vítima.
O CGE informou que desde o início do mês choveu 175,6 mm na capital, equivalente a 87,4% da média prevista para dezembro, que é de 201 mm. O índice registrado ontem foi de 14,1 mm.
RESGATE E APAGÃO
Na Grande São Paulo, Guarulhos, Caieiras, Barueri e Jandira também registraram alagamentos. A situação mais grave ocorreu em Osasco, onde quase um bairro inteiro, o Jardim Piratininga, às margens da Rodovia Anhanguera, ficou submerso. Doze moradores foram resgatados pelo helicóptero da PM de ruas alagadas.
Um ônibus com oito pessoas estava ilhado por volta das 18h50 na Avenida Piracema, em Tamboré, também em Osasco. Homens da Defesa Civil fizeram o resgate do veículo. Uma laje também desabou no Piratininga, mas não houve feridos.
Em Sorocaba, vários bairros ficaram mais de três horas sem luz. O apagão ocorreu após uma chuva forte com rajadas de ventos, que também provocou alagamentos.
Planalto libera R$ 400 mi contra seca e enchente
O presidente da República em exercício, José Alencar, e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, liberaram crédito extraordinário de R$ 742 milhões para cinco ministérios. A maior parte desses recursos – R$ 400 milhões – destina-se ao Ministério da Integração Nacional para apoio a obras de prevenção a desastres naturais, socorro a pessoas atingidas e recuperação de danos em áreas de secas e enchentes.

Esgoto é despejado em área alagada há 8 dias

RIO TIETÊ:
NUNCA VI OBRA NO LEITO AQUI, DIZ RESPONSÁVEL POR BARRAGEM
João Sergio Freitas de Oliveira é o responsável pela barragem da Penha, um conjunto de seis comportas capazes de “segurar” as águas do Tietê antes que elas entrem pela seção do rio que foi retificada. Ontem, ele disse à comissão de deputados: “Nos 12 anos que trabalho aqui, nunca vi uma máquina trabalhando para desobstruir o leito do rio daqui para cima”. O rio acima da barragem é onde fica o Jardim Pantanal. Para baixo, o Tietê tem dragas e rebaixamento de leito.

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Esgoto é despejado em área alagada há 8 dias
Estação de tratamento da Sabesp está parada desde enchente da semana passada; fluxo de esgoto é de 450 litros por segundo
Problema agrava situação de bairros que estão debaixo d’água desde então; crianças nadam em água cheia de fezes e urina
Vagner Campos/Futura Press

Mulher carrega criança no Jardim Romano, região tomada por água da chuva misturada a esgoto

LAURA CAPRIGLIONE – FOLHA SP

DA REPORTAGEM LOCAL
O garoto de 12 anos cavalga a rédea solta um pangaré branco e marrom pelas águas imundas do rio de fezes e urina em que se transformou a rua Capachós, no Jardim Romano, zona leste de São Paulo. Sob os olhares admirados de seus amigos que não podem assim se elevar sobre as águas, ele corre até o CEU Três Pontes, logo ali.
Em poucos minutos, se joga, roupa e tudo, na piscina do escolão que custou R$ 28,4 milhões e foi inaugurado há pouco mais de ano. Em comparação com as línguas de águas negras que se veem na rua logo ao lado, a piscina até parece limpa. Mas tem um verde denso e um cheiro forte de coisa em putrefação – “é até adocicado”, afirma o jovem Vitor Sousa Barreto, 18, que tirou a foto desta página.
Por volta das 16h, quando a chuva se armava, eram nove garotos nadando no CEU. Mas, na hora do almoço, a brincadeira envolveu uns 30. “Ali, é esgoto diluído”, disse Vitor.
Ontem, uma comissão de deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo descobriu que, no Jardim Pantanal, desta vez, dizer que as pessoas estavam alagadas por esgoto não era figura de expressão.
A ETE (Estação de Tratamento de Esgotos) da Sabesp em São Miguel ficou parada durante oito dias -desde a chuva do dia 8. Segundo o engenheiro Leonardo Citadella, gerente do departamento de esgoto da estatal da gestão José Serra (PSDB), um fluxo de 450 litros de esgoto por segundo, produzido por casas e indústrias da zona leste, deixou de receber qualquer tratamento. “O destino do esgoto acabou sendo o próprio Tietê.” E, por consequência, toda a região que está alagada até hoje pelas águas do rio.
Como oito dias contêm 691.200 segundos, durante o período em que as bombas pararam, um total de 311 milhões de litros de esgoto (o equivalente a 124 piscinas olímpicas) foi despejado “in natura” no principal rio da cidade.
Para piorar, outro fluxo de esgoto, vazão de 350 litros por segundo, recebeu apenas tratamento parcial, só capaz de retirar 30% da poluição orgânica.
Bombas pifadas
Como seus vizinhos flagelados do Jardim Pantanal, a estação localizada na margem esquerda do rio Tietê viu a água subir mais de metro. A central de comando perdeu computadores, houve princípio de incêndio na telefonia (cujos fios correm junto ao chão) e, o pior, todas as bombas de esgoto foram inundadas e pifaram.
Ontem, um esquadrão de técnicos tentava pôr as máquinas para funcionar. A bióloga Lucia Maria de Campos Fragoso, que trabalha no monitoramento da biota (conjunto de bactérias e microrganismos) dos tanques de tratamento, disse aos deputados Adriano Diogo (PT) e Raul Marcelo (PSOL) que só em uma semana se irá restabelecer os níveis normais de tratamento de eflúvios que chegam à estação.
“O que estamos vendo aqui são omissões criminosas que visam a punir e a expulsar as populações pobres de São Paulo”, disse Adriano Diogo.
Anteontem, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) prometeu estudar a instalação de bombas para drenar as águas que cercam o CEU que ele mesmo inaugurou. Ontem, já descartou a medida. Enquanto a dona de casa Merivania Maria Nascimento era entrevistada, um grupo saía do CEU carregando um computador. “Ah, já saquearam tudo, computadores, leite, cestas básicas. Por que a prefeitura não protege o patrimônio público?”, perguntou. A prefeitura confirma apenas o furto de alimentos.

Editorial JT: O chocante descaso com as enchentes

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Enquanto Serra cuida da sua campanha eleitoral em Copenhague posando com o “exterminador do futuro”, Kassab mostra sua insensibilidade com as enchentes

EDITORIAL JORNAL DA TARDE – JT

O orçamento da Prefeitura para 2010 demonstra que a insensibilidade do prefeito Gilberto Kassab diante dos estragos provocados pela enchente da semana passada – quando, em vez de comentar o caos que estava à sua vista, preferiu falar dos investimentos nos Córregos Aricanduva e Pirajuçara, que teriam evitado alagamentos em sua imediações – não foi um caso isolado. Os cortes de verbas feitos na proposta orçamentária aprovada pela Câmara Municipal – onde Kassab tem folgada maioria e nada de importante acontece sem a sua aquiescência – não deixam dúvida sobre isso.
Os R$ 141,9 milhões reservados para a canalização de córregos no substitutivo votado em primeira discussão na semana passada sofreram um corte de R$ 70,4 milhões, ficando reduzidos a minguados R$ 71,4 milhões, praticamente a metade do valor originalmente previsto. A verba para a canalização do Córrego Ponte Baixa, na zona sul, por exemplo, caiu de R$ 30 milhões para R$ 20 milhões. A diferença é tão grande que ou o custo dessa obra havia sido superestimado, o que é grave, ou então os recursos a ela destinados são insuficientes, o que também é grave, porque ela não será concluída.
A espantosa má vontade com o combate às enchentes não para por aí. Os recursos destinados a obras em áreas de risco – justamente aquelas em que é registrado o maior número de mortos e desabrigados por ocasião das enchentes – não passaram de ridículos R$ 19,6 milhões. Com um detalhe cruel – inicialmente estavam previstos R$ 20,6 milhões, uma diferença pequena, mas que mostra o descaso com as enchentes. Na hora de cortar, a bancada do prefeito não hesita em tirar mais um pedacinho dessa verba.
Essa mesquinharia, praticada quando a cidade ainda sofre os efeitos da última enchente, é chocante. Basta ver a situação em que se encontra o bairro Jardim Romano, na zona leste, que continua inundado. Mais de uma semana depois da enchente, a Prefeitura ainda não sabe exatamente o que fazer para ajudar a população que ali mora e que – pasmem os leitores – continua a receber cobrança da “taxa de melhoria” do governo municipal. “Muito possivelmente”, segundo Kassab, a água será retirada por meio de bombas. Também resta acertar com a Sabesp para qual de suas estações de tratamento essa água poluída será levada. Esta, segundo os especialistas na matéria, é a única solução razoável, porque qualquer outra significará apenas mudar o problema de lugar.
Para concluir a triste história da aprovação do orçamento, assinale-se que a verba para publicidade oficial foi para as alturas, batendo um recorde – R$ 126 milhões, muito mais, portanto, que as destinadas às obras contra as enchentes. Dessa ninguém ousou cortar um centavo.

O “Plano” de Kassab para Jardim Pantanal: “Vamos pedir para Papai Noel falar com São Pedro, para não chover no Natal”

A declaração é do subprefeito de Kassab em São Miguel paulista, zona leste.
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Kassab nem aí: Verba contra enchente é cortada

SPTV – primeira edição





Novas casas devem ficar prontas em até 2 anos
Secretaria Municipal de Habitação apresentou proposta de construção de 5 mil moradias para 25 mil pessoas

O Estado SP

Fazer 5 mil moradias para 25 mil pessoas em um prazo de pelo menos dois anos. Essa é a promessa da Secretaria Municipal de Habitação (SMH) para lidar com o problema dos moradores do Jardim Romano, na zona leste, que há uma semana sofrem com a inundação. A expectativa da SMH é conseguir preparar a licitação das casas antes do segundo semestre de 2010. Com a concorrência concluída, estimam-se mais 18 meses até que as moradias fiquem prontas. O custo total esperado é de R$ 300 milhões.
Na segunda-feira, o secretário municipal de Habitação, Elton Santa Fé Zacarias, reuniu-se com diretores da Caixa Econômica Federal para tentar viabilizar uma linha de financiamento pelo programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. As novas casas serão construídas em terrenos da Companhia Metropolitana de Habitação que ficam nas margens secas do Jardim Pantanal.
Para cada uma das 330 famílias diretamente atingidas pelas cheias e que foram retiradas de suas casas pela Defesa Civil, a SMH vai bancar três meses antecipados de aluguel – no valor de R$ 900 – e depois pagar R$ 300 mensais até que novas moradias fiquem prontas.
A Secretaria de Estado da Habitação, a pedido da Prefeitura e da Secretaria de Estado de Saneamento e Energia, está estudando locais disponíveis para receber parte das famílias que tiveram as casas alagadas. Mas, segundo o secretário estadual da Habitação, Lair Krähenbühl, não há nenhum lugar pronto para mudança imediata. “Parte de conjuntos habitacionais em construção em Guarulhos e Itaquaquecetuba será destinada a essas famílias. Cerca de 300 unidades ficarão prontas até 15 de fevereiro e a Prefeitura vai definir com as famílias quem vai para onde, que famílias estão em maior situação de risco”, afirmou. “Em São Paulo vamos buscar desapropriar terrenos para atendimento daqui a dois anos.”
A Subprefeitura de São Miguel pretende começar na segunda-feira o cadastro de moradores para o projeto habitacional na região do Jardim Romano. No local será instalado o Parque Linear Várzeas do Tietê. Uma faixa de 25 quilômetros ao longo do rio será desocupada para as obras.
“Algumas famílias estão vivendo sobre o rio e uma chuva vai colocá-los em risco novamente. Elas precisam sair”, disse o subprefeito Milton Persoli. Algumas famílias saem na semana que vem. Os trabalhos estavam programados para começar nesta semana, mas a lentidão no escoamento da água impede que os funcionários da subprefeitura façam o levantamento nas casas. Ainda não está definido como serão as negociações em caso de recusa de desocupação.
Mesmo com a promessa, alguns moradores já se mostraram contrários a deixar o bairro. “Eles precisam criar uma drenagem aqui para não alagar mais e não nos tirar. Moro aqui com minha família há quase 30 anos. Não posso só tirar minha mulher e meus quatro filhos”, diz Armando Nonato de Alcântara, de 33 anos. Hoje, a família está na casa de seus pais. ANA BIZZOTTO, BRUNO PAES MANSO e RENATO MACHADO

Kassab nem aí: Verba contra enchente é cortada

Mesmo com toda a chuva que já caiu, e que ainda vai cair, o orçamento da capital para as áreas de risco vai ser bem menor que o previsto para a publicidade oficial.

SPTV 15/12/2009 – segunda edição

Verba contra enchente é cortada

Diego Zanchetta, Felipe Grandin – Jornal da Tarde

Votado em segunda discussão menos de quatro horas após ser apresentado aos líderes de bancada, a terceira versão do Orçamento de São Paulo para 2010 veio com redução para a verba destinada à canalização de córregos, coleta de lixo e obras em áreas de risco. Mas manteve os gastos previstos para a publicidade oficial da gestão do prefeito Gilberto Kassab (DEM) e a verba – recorde – para a câmara.
O relatório teve o apoio de 42 dos 55 vereadores. No plenário, apenas as bancadas do PT e do PCdoB e o vereador Cláudio Fonseca colocaram objeções aos remanejamentos feitos no segundo substitutivo do orçamento.
A redução foi: R$ 70,4 milhões na verba destinada à canalização de córregos; de R$ 30 milhões na coleta de lixo; e de R$ 1 milhão para obras em áreas de risco.
O corte total, de R$ 1 bilhão, feito pelo relator do orçamento, Milton Leite (DEM), poupou os R$126 milhões que a Prefeitura terá para fazer propaganda de seus atos. Já a verba da Câmara será de R$ 399 milhões – crescimento de 29% em relação aos recursos gastos neste ano (R$ 310,3 milhões).
Os montantes destinados às áreas de Saúde e de Educação não sofreram reduções na nova peça, estimada em R$ 27,897 bilhões, valor inferior aos apresentados nas duas propostas anteriores, de R$ 28,1 bilhões (original do Executivo) e de R$ 28,8 bilhões (primeiro substitutivo).
Os investimentos para as reformas dos terminais Bandeiras (de R$ 10 milhões para R$ 2 milhões) e Cidade Ademar (de R$ 20 milhões para R$ 10 milhões) também sofreram queda em relação ao substitutivo da semana passada.
As mudanças feitas pelo Legislativo na previsão de investimentos teriam sido um erro de Milton Leite, segundo seus colegas da base governista. Leite ontem argumentou que o equívoco foi do ex-secretário de Planejamento, Manuelito Magalhães, tucano que deixou o governo no início do mês insatisfeito com o aumento do IPTU proposto pelo governo. O relator, aliado do prefeito, declarou que a saída teria sido provocada pelo fato de Magalhães ter superestimado as receitas com impostos e com a cessão da conta da Prefeitura para o Banco do Brasil. O governo nega a versão do parlamentar.
O novo texto tem previsão de investimentos inferior à apresentada antes da aprovação do aumento do IPTU para 1,7 milhão de proprietários de imóveis a partir de janeiro, o que vai elevar a receita da administração em pelo menos R$ 560 milhões.
“O prefeito precisa divulgar as ações emergenciais do governo, como o combate à dengue e a execução do Plano de Metas. Imprensa é um serviço caro”, argumentou Leite. Sobre os cortes na verba da canalização dos córregos e do lixo, o relator disse que os setores tinham sido inflados com a previsão errada do governo para o crescimento de arrecadação.
“O governo me passou um documento errado, no qual previa que o contrato do Banco do Brasil poderia render até R$ 1,7 bilhão já em 2010, quando a previsão é de R$ 720 milhões. E esse valor tem de ficar num anexo, não sabemos se ele vai entrar no caixa”, justificou o vereador. O líder de governo, José Police Neto (PSDB), negou que o erro tenha sido do governo. “O Executivo não errou. O secretário Manuelito foi cauteloso ao anunciar que o orçamento seria de R$ 28,1 bilhões. A segunda proposta apresentada (pelo relator) é que elevou as verbas para R$ 28,8 bilhões.”

A Taxa Gôndola de Kassab

Bairro alagado paga taxa de melhoria

Sem explicar quais benefícios realizou, Prefeitura confirma cobrança de tributo

Isis Brum – JORNAL DA TARDE – O ESTADO SP

isis.brum@grupoestado.com.br
Com data de vencimento do dia 30 de novembro, a taxa de melhoria enviada pela Prefeitura de São Paulo no valor de R$ 209,26 é exibida pelo motorista Maikon Freitas Gonçalves, de 33 anos. Gonçalves mora no número 70 da Rua Orlando Zanfelice, uma via sem saída no Jardim Romano, na zona leste, alagado há nove dias. O tributo não foi pago. “E nem vou pagar”, admite o motorista, que gastou R$ 70 em um bote para se locomover na região.
A Prefeitura confirmou a cobrança do tributo no bairro, mas não explicou quais benefícios teriam sido promovidos. Procurada pelo JT no sábado, a administração afirmou ontem que irá extinguir a cobrança da taxa de melhoria em toda a cidade (leia ao lado).
Mas o eletricista Manoel Torquato, de 39 anos, já quitou a taxa, cobrada com juros por atraso, no valor de R$ 316,90, parcelada em dez vezes. Segundo ele, a contribuição de melhoria para 2010 já foi entregue com valor de, mais ou menos, R$ 100. No entanto, depois da enchente, ele resolveu não pagar. “Que melhoria existe aqui?”, questiona ele, que atravessa o rio de água suja para trabalhar todos os dias, às 4h30.
Na volta, Torquato pula o telhado de duas casas, usando escadas improvisadas, para entrar na sua residência. “É um absurdo ter de passar por isso.”
A mulher dele, a autônoma Maria Concebida Becalli Costa, de 32 anos, não vai para o trabalho desde o início da enchente. A rua tem residências dos dois lados. Sem saída pelos fundos, tem como única alternativa a vizinha Rua Capachós, que segue inundada. Maria Concebida se recusa a cruzar o rio e adquirir alguma infecção, como a que apareceu na perna do marido. Também tem medo de pular o muro dos vizinhos pela escada. “Tinha de buscar o meu pagamento na sexta-feira, mas não posso sair de casa”, disse. O filho pequeno também está “detido”. Torquato é quem faz as compras da casa.
Morador do número 69, o carteiro Walter de Souza Cruz recebeu o tributo, no valor de R$ 103,70, no início deste ano. Indignado, disse que nunca obteve explicações do que se tratava a cobrança. “Nós pagamos o asfalto dessa rua em um carnê separado. Além disso, não sei que outra melhoria pode ter sido feita”, afirma ele.
A Prefeitura informou que, além da pavimentação, pode cobrar, por exemplo, pela colocação de guias, sarjetas e calçadas.
‘Água podre’

Além do drama para sair de casa, Maikon Gonçalves lembra a dificuldade que é para permanecer no imóvel, sobretudo durante a noite. “A água está podre, cheira à carniça”, compara o motorista.
A estratégia adotada para conseguir dormir foi usar um descongestionante nasal à base de cânfora e mentol. “É só assim que a gente consegue dormir”, conta.
A Prefeitura e técnicos do Departamento de Águas, Esgoto e Energia (Daee), órgão do governo estadual, tentam descobrir o motivo da demora do recuo da água. Enquanto o rio não baixa, a água parada acumula esgoto e, entre outros animais, ratos mortos.
Prefeitura afirma que vai extinguir tributo na cidade

A administração municipal informou ontem que o prefeito Gilberto Kassab (DEM) irá enviar um projeto de lei à Câmara para acabar com a cobrança da taxa de melhoria na capital. A decisão foi divulgada após os questionamentos do JT sobre o tributo cobrado no Jardim Romano. A Prefeitura não informou quantos contribuintes pagam o tributo hoje e nem se irá devolver o dinheiro dos que já pagaram.
Não há data prevista para o envio do projeto de lei. Segundo a assessoria de Kassab, a extinção do tributo também livrará do encargo os devedores, caso em que alguns dos moradores do Jardim Romano estão incluídos, de acordo com a Prefeitura.
Também em função do estado de calamidade em que se encontra o Jardim Helena, distrito que engloba o Jardim Romano, a Prefeitura afirma que vai antecipar a vistoria dos imóveis afetados pela enchente com o objetivo de isentar as famílias do pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que sofrerá reajuste no próximo ano.
Segundo nota enviada ontem à noite, “o procedimento padrão nesses casos é o de o cidadão ir à subprefeitura requerer a isenção”. A Subprefeitura de São Miguel fará a inspeção das casas atingidas e depois encaminhará o pedido de anistia para a Secretaria Municipal de Finanças.

Kassab fica longe de áreas atingidas

Prefeito vai ao bairro afetado por temporal, mas não visita ruas inundadas
http://www.jblog.com.br/media/24/20091027-kassab.jpghttp://politicamente.incorreto.zip.net/images/enchente_e_lixo.jpg

Flávio Freire – O Globo

SÃO PAULO. Uma semana depois da forte chuva que caiu sobre São Paulo, com os moradores do Jardim Pantanal convivendo deste então com o alagamento de ruas e casas, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) decidiu ir ontem ao bairro. Sem visitar as áreas atingidas, o prefeito reuniu a imprensa no prédio da subprefeitura da região, a dez quilômetros dos pontos críticos.
Lá prometeu retirar até sete mil dos dez mil moradores que sofrem com o transbordamento do Rio Tietê e o derrame de esgoto que se misturou à água poluída.
Prefeito diz que remoção começará em janeiro Kassab, no entanto, não informou para onde as famílias serão levadas. Disse apenas que o trabalho de remoção deverá começar em janeiro.
O prefeito também prometeu que distribuirá bolsasaluguel às pessoas que não podem voltar mais para suas casas; no entanto, não divulgou o valor do benefício. Irritado com perguntas sobre a demora para visitar o local, o prefeito subiu o tom para dizer que já havia vistoriado a área. De helicóptero.
No último domingo, a assessoria de Kassab chegou a anunciar que ele faria uma visita ao bairro, compromisso alterado para “encontro com técnicos”. O Jardim Pantanal é considerado um dos bairros mais violentos da capital paulista.
Antes de deixar a subprefeitura, Kassab evocou a parceria com o governo paulista, do aliado José Serra (PSDB), para prometer que anteciparia para o ano que vem a construção de um parque na região, antes programado para ser entregue em 2012. O projeto chamado Parques Várzeas do Tietê, estimado em R$ 1,7 bilhão, prevê núcleos de lazer e estrutura para eventos culturais. Para isso, deverão ser demolidas casas e outras edificações já comprometidas.
— Não serão destruídos prédios públicos como escola e postos de saúde — disse.
O discurso do prefeito foi endossado pela secretária estadual de Saneamento e Energia, Dilma Pena, que participou do encontro de ontem na subprefeitura.
— A recuperação da área de várzea é fundamental. Lá, só ficarão atividades compatíveis com área de várzea — disse o prefeito.
Moradores dizem que governo fechou comporta do Tietê Oficialmente, a justificativa para alagamento de sete dias da Favela do Pantanal foi a quebra de uma bomba de tratamento de esgoto. Isso teria impedido o escoamento da água. Já moradores do bairro acusam o governo de ter fechado uma comporta do Tietê, para evitar que a água represada naquela área provocasse alagamento ao longo do rio, principalmente nas marginais.
Isso prejudicaria ainda mais o trânsito da cidade

A indiferença de Kassab

André Lessa/AE

Quase uma semana após a forte chuva, as ruas do Jardim Romano continuam tomadas

Hoje, seis dias depois da enchente, Kassab fará pela primeira vez visita à região e estará com as vítimas da enchente. Questionado sobre a demora da visita, ele justificou: “Eu já estive lá. Voei três vezes essa semana lá”.
A frase, reproduzida pelo Estadão e o JT, é um resumo concentrado da visão que Kassab tem dos problemas das regiões pobres de São Paulo. Uma visão distante, de cima, indiferente ao drama e ao dia-a-dia da população.
Enquanto Kassab voa acima dos problemas, embaixo aparecem, chocantes, as conseqüências do descaso de sua “gestão”.
Não só pelo número de mortos, pessoas desabrigadas, casas inundadas, moveis e pertences perdidos, mercadorias estragadas, e famílias em situação de abandono.
Aparece também a realidade, que os gigantescos gastos com publicidade procuram ocultar, a responsabilidade de Kassab com as inundações na cidade é total.
Basta ler e juntar duas reportagens publicadas hoje em dois jornais distintos. No Jornal da Tarde (reproduzido também no Estadão) sob o título “Piscinões da capital estão tomados por lixo e mato” e no jornal AGORA (não reproduzido na Folha), que leva como manchete: “Bueiros da capital estão entupidos”.
AGORA “vistoriou 60 bueiros na última semana e flagrou sujeira em mais da metade. Lixo atrapalha vazão de água da chuva”. O JT constatou que “Dez dos 18 reservatórios de água a céu aberto da capital estão sujos, ao contrário do que disse o prefeito Gilberto Kassab (DEM) após a enchente da semana passada”.
Piscinões sujos e bueiros entupidos, a combinação necessária para agravar as conseqüências das chuvas. Acrescente a falta de investimento em construção de novos piscinões (em 6 anos Kassab só construiu 1), da falta de fiscalização na limpeza do lixo e remoção de entulhos, a falta de mapeamento das áreas de risco, o pouco dinheiro destinado a Defesa Civil. O quadro do descaso aparece com claridade e sem atenuantes.
Sem atenuantes, porque Kassab teve todos estes anos um orçamento rico, com dinheiro que ficou nos bancos. Sem atenuantes, porque mesmo as verbas destinadas ao combate as enchentes não foram totalmente utilizadas, ao contrario do dinheiro farto para alavancar a propaganda kassabista.
Pense nisso quando você assistir a mais recente publicidade da prefeitura.
Pense.
Luis Favre



Piscinões a céu aberto mais parecem lixões


Criados para amenizar os estragos das enchentes, dez dos 18 piscinões abertos em São Paulo – o 19º, no Pacaembu, é subterrâneo – estão tomados por garrafas pets, restos de móveis, entulho e terra suja.

Piscinões da capital estão tomados por lixo e mato
Dez dos 18 reservatórios de água a céu aberto da capital estão sujos, ao contrário do que disse o prefeito Gilberto Kassab (DEM) após a enchente da semana passada. Para coordenador de drenagem do município, situação é ‘normal’

Felipe Oda, felipe.oda@grupoestado.com.br

Garrafas pets, restos de móveis, entulho e terra suja. Dez dos dezoito piscinões a céu aberto na cidade – o 19º piscinão, o do Pacaembu, na zona oeste, é subterrâneo – mais parecem lixões. Criados para amenizar os estragos de enchentes, como a que parou São Paulo na última terça-feira, a maioria dos reservatórios da capital está em condições precárias de manutenção. Entre quinta e sexta-feira, o Jornal da Tarde visitou os 19 piscinões e constatou que apenas oito estavam limpos. Com a cidade embaixo d’água, na terça-feira passada, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) disse que os “piscinões estavam com a limpeza realizada adequadamente”.
Os moradores do Campo Limpo, zona sul, vizinhos do piscinão Jardim Maria Sampaio discordam. “Faz muito tempo que a Prefeitura não limpa isso aí. Basta olhar para os muros e ver a quantidade de lodo e garrafas pets. A sujeira junta ratos, baratas e mosquitos que acabam indo para as casas”, afirma a vendedora Luzinete de Souza, de 26 anos.
A situação é semelhante na Brasilândia, zona norte, no piscinão do Bananal. “É tanta sujeira que ninguém aguenta o cheiro. Pede para o prefeito vir aqui e ver se está limpo. Fora o matagal, que está cheio de ‘nóias’ (usuários de drogas)”, diz o comerciante Antonio Padilha, de 57, que mora próximo ao reservatório.
Segundo a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, até outubro, foram removidas 120 mil toneladas de lodo e lixo dos piscinões. No ano passado, até dezembro, haviam sido 160 mil. O serviço é executado por empresas contratadas por meio de pregões, que são remuneradas de acordo com a quantidade retirada: em média R$ 70 por tonelada.
O coordenador de drenagem da secretaria, Domingos Gonçalves, afirma que a sujeira flagrada pela reportagem é “normal”. “Ninguém vai encontrar um piscinão brilhando nesta época do ano, mas está tudo em ordem”, afirma. “Continuam recebendo água rapidamente e escoando aos poucos, que é a sua função”, diz. Ontem, ao ser questionado novamente sobre os piscinões, o prefeito Kassab usou o mesmo argumento. “Existe um conceito de limpeza de piscinões. Na época de chuva, em especial, eles recebem as águas da chuva. Então, existe uma escala para ser avaliada a limpeza. Mas estão preparados. Estão esvaziados, recebendo processo de manutenção compatível com as necessidades”, afirmou.
A falta de manutenção também provoca insegurança nos moradores. “Esse matagal é um piscinão, pode acreditar. Os bandidos e estupradores se aproveitam desse mato alto e da escuridão”, conta a doméstica Viviane Martins Gomes, de 31, que mora em frente ao piscinão Caguaçu, zona leste.
Mesmo limpos, os reservatórios causam prejuízos, dizem os vizinhos. “Pretendia vender minha casa por R$75 mil. Após a construção do piscinão (Anhanguera, inaugurado no último dia 3) o melhor valor que me ofereceram foi de R$ 60 mil. A obra desvalorizou meu imóvel”, diz o padeiro Antonio Silvestre, de 44.
Para o consultor em geologia de engenharia Álvaro Rodrigues dos Santos, os piscinões são contraindicados para São Paulo, em que córregos e rios apresentam muita poluição. “É impossível que eles sejam limpos em tempo para esperar outra chuva.” Colaboraram Naiana Oscar e Cristiane Bomfim
Agora_bueiroBueiros da capital estão entupidos de lixo

Aline Mazzo e Tadeu Breda do Agora

Entupidos até a boca de terra, folhas, garrafas plásticas, pneus e pedaços de tudo o que é jogado nas ruas, boa parte dos bueiros da capital não tem condições de escoar a água das chuvas, intensas e constantes durante este mês.
O Vigilante Agora vistoriou 60 bueiros espalhados pela cidade na última quinta-feira. Do total, 33 estavam entupidos ou sujos e 27 apresentavam níveis aceitáveis de limpeza. Durante algumas vistorias, as tampas foram levantadas pela reportagem para que se pudesse constatar se todo o poço estava limpo. Logo em seguida, os bueiros foram novamente fechados.
A região em que a situação é mais preocupante é a zona oeste. Apesar de concentrar alguns dos bairros mais nobres de São Paulo, os bueiros estão sujos e entupidos. Dos 12 vistoriados, apenas quatro colaboram para a vazão de água em dias de chuva. A avenida Mofarrej, na Vila Leopoldina, é exemplo. Por conta da proximidade com o Ceagesp e da varrição falha da rua, pedaços de caixotes e frutas vão parar nas galerias.

 

Serra tenta esconder sua responsabilidade, enquanto acusa os jornais de mentirosos

“o governador José Serra (PSDB) atribuiu ontem ao “PT press” a divulgação de notícias sobre uma suposta redução de 61% nos investimentos do estado em obras na Bacia do Alto Tietê, região que sofreu esta semana um dos maiores alagamentos dos últimos anos. Serra afirmou que os dados, divulgados pela imprensa paulista, são “mentira e manipulação”.
— Tem números errados. Pegaram o último ano do governo (Geraldo) Alckmin (PSDB), que estava terminando a calha do Tietê. Quando termina a calha, no ano seguinte não tem o investimento.
Isso é elementar.
Foi esclarecido, mas as notícias foram mantidas.” (José Serra, jornal O Globo).
Nenhum jornal paulista publicou a informação com o ataque feito a eles e ao PT, por Serra. Para Serra, é uma constante, a culpa sempre é dos outros.
Mas, vale a pena esclarecer. A comparação feita pelo jornal O Estado SP foi entre o ano 2009, do próprio Serra, e a proposta para 2010, do mesmo Serra.
“Já a gestão do governador José Serra (PSDB) investiu menos da metade do previsto em obras na Bacia do Alto Tietê em 2009. O orçamento para este ano é de R$ 188 milhões, mas apenas R$ 71 milhões haviam sido empenhados (reservados para gasto) até outubro.
A situação não vai melhorar no próximo ano, já que o orçamento para 2010 foi reduzido em 61%. A verba estadual para os serviços e obras na bacia do Tietê será de R$ 72,8 milhões.”
(O Estado SP – 9/12/2009 – ver aqui).
Ou seja, Serra aplicou menos da metade do previsto por ele mesmo, em 2009. E para 2010 reduziu em 61% a mesma rubrica que para 2009 previa R$ 188 milhões, propondo agora só R$ 72,8 milhões.
Nenhuma comparação nestes números concerne o governo Alckmin.
José Serra tampouco respondeu, nem contestou estes outros dados do jornal O Estado SP:
“O aumento da vazão desse rio só se manterá se forem construídos piscinões para armazenar, nas cabeceiras dos afluentes, o que nele é despejado. Das 134 unidades previstas para a região metropolitana, foram construídas 45. Hoje, o volume de água carregada de areia e lixo que chega ao Tietê obrigaria a remoção de 3 milhões de m³ de dejetos por ano, mas as empreiteiras contratadas para o serviço só conseguem retirar 400 mil m³.” (Editorial do Estadão: Desculpas esfarrapadas).

Editorial Jornal da Tarde desanca Kassab: “Como não há notícia de que boato inunde, talvez Sua Excelência devesse começar a cuidar dos problemas reais antes de sua imagem fenecer afogada.”




Falhas corriqueiras ajudam a alagar a cidade

Editorial Jornal da Tarde (JT)

Quando acontecem o caos no trânsito e a trágica morte de oito pessoas, causadas pela inundação de terça-feira, as autoridades se refugiam na surrada explicação da intempérie inusitada e os analistas buscam em causas estruturais a explicação para tudo. As duas partes têm alguma razão. Uma chuva que provoca 67 pontos de alagamento, como aquela, não pode ser tida como algo comum. Mas também não é tão incomum em determinadas condições meteorológicas e na área metropolitana mais populosa do Brasil. E, de fato, as obstruções do fluxo do trânsito devem-se à impermeabilização excessiva das ruas lindeiras a córregos, afluentes e várzeas de dois grandes cursos d’água – o Tietê e o Pinheiros. Mas inculpar apenas as forças da natureza, representadas pela figura simbólica de São Pedro (ou de Tupã, se for o caso), além de não explicar as dimensões da tragédia, reforça a tendência maléfica de deixar a coisa andar para ver como é que fica, sem tomar as providências necessárias para modificar a rotina trágica.
Os jornais de ontem publicaram uma notícia que ilustra, de forma exemplar, a inércia e a falta de vontade da autoridade pública para agir de forma planejada nas causas estruturais do problema, e até mesmo nas providências de rotina que devem ser tomadas para, pelo menos, reduzir as consequências funestas desses aguaceiros. Na terça-feira em que a maior cidade do País parou debaixo d’água, o sistema de bombeamento de águas da Usina da Traição, no Rio Pinheiros, sob responsabilidade do governo estadual, não funcionou. Além desse problema, ocorrido na zona sul, bombas hidráulicas da Prefeitura na Marginal do Tietê, que vai da zona leste à oeste, passando ao largo do centro e da zona norte, também não deram vazão ao volume da água acumulada. É absurdo que isso tenha ocorrido, porque faz parte da rotina dos funcionários encarregados de sua manutenção mantê-las funcionando. E, numa cidade tradicionalmente assolada por inundações como esta, também não é uma demonstração de competência gerencial não dispor de um plano B para o caso de paralisação desses equipamentos. O pior é que os responsáveis pelo funcionamento de tais bombas têm acesso a informações bastante confiáveis dos serviços de meteorologia. E o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê chuva intensa para hoje. Caso a previsão se confirme, a cidade será apanhada novamente de calças molhadas, pois o Estado, dono da bomba da Traição (que não se perca pelo nome), fixou em dez dias o prazo para que ela volte a funcionar.
Com a mesma dificuldade de enxergar o óbvio que demonstrou ao anunciar, direto do centro do inferno alagado na Ponte das Bandeiras, que não havia caos, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) desconheceu a falha da bomba e condenou a capacidade de intriga das “pessoas”. Como não há notícia de que boato inunde, talvez Sua Excelência devesse começar a cuidar dos problemas reais antes de sua imagem fenecer afogada.

Serra, agressivo, acusa os jornais de mentirosos e petistas

“Já a gestão do governador José Serra (PSDB) investiu menos da metade do previsto em obras na Bacia do Alto Tietê em 2009. O orçamento para este ano é de R$ 188 milhões, mas apenas R$ 71 milhões haviam sido empenhados (reservados para gasto) até outubro.
A situação não vai melhorar no próximo ano, já que o orçamento para 2010 foi reduzido em 61%. A verba estadual para os serviços e obras na bacia do Tietê será de R$ 72,8 milhões.”
(O Estado SP – 9/12/2009 – ver aqui)
Sorria, você está sendo governado.

Serra rebate dados sobre chuva e acusa o PT press

O Globo

SÃO PAULO. Demonstrando impaciência, o governador José Serra (PSDB) atribuiu ontem ao “PT press” a divulgação de notícias sobre uma suposta redução de 61% nos investimentos do estado em obras na Bacia do Alto Tietê, região que sofreu esta semana um dos maiores alagamentos dos últimos anos. Serra afirmou que os dados, divulgados pela imprensa paulista, são “mentira e manipulação”.
— Os dados de corte de recursos que alguns jornais publicaram, eu nem sei direito quais, estão totalmente errados — afirmou Serra que, interrompido por um repórter, completou de pronto: — Não! É mentira.
Mentira e manipulação, quando não é o PT press. Porque o PT press é muito ativo.
Serra já acusou em outras oportunidades o “PT press” de distorcer informações. O “PT press”, segundo ele, seria formado por jornais e jornalistas que divulgam informações que favorecem o PT. O governador disse por que foram reduzidos investimentos nas áreas que sofreram com a enchente.
— Tem números errados. Pegaram o último ano do governo (Geraldo) Alckmin (PSDB), que estava terminando a calha do Tietê. Quando termina a calha, no ano seguinte não tem o investimento.
Isso é elementar.
Foi esclarecido, mas as notícias foram mantidas.
O governador paulista disse ainda que um empréstimo do Banco Interamericano de Investimentos (BID), que estava programado para este ano, só será liberado em 2010.

“Gestão” Kassab: Defesa Civil se mantém com R$ 45/dia em SP

Bruno Tavares e Renato Machado – O Estado SP

A Prefeitura destinou até novembro R$ 15,7 mil – R$ 45 por dia – para cobrir as despesas da Coordenadoria Municipal da Defesa Civil de São Paulo. O órgão é responsável pelo planejamento de ações preventivas e de auxílio a vítimas de desastres, como deslizamentos de terra, que só este mês deixaram cinco mortos na capital. Embora as 31 Subprefeituras mantenham equipes de Defesa Civil, decreto do prefeito Gilberto Kassab (DEM) prevê 14 atribuições ao comando central – do treinamento de agentes a campanhas educativas.
O orçamento da Defesa Civil municipal cai desde 2006. Neste ano, a previsão de repasse à coordenadoria era de R$ 264,2 mil, mas só 6,4% foram liberados. Em 2008, os gastos atingiram R$ 88,5 mil dos R$ 275,1 mil orçados (36,2%). A Secretaria de Segurança Urbana, a que o órgão está subordinado, não explicou por que deixou de aplicar 94% do orçado. Informou que “cabe a cada subprefeitura a aplicação de recursos próprios na Distrital da Defesa Civil” e que gastou R$ 600 mil este ano na compra de três unidades móveis. A pasta não indicou de onde saíram esses recursos. A entrega dos furgões ocorreu em setembro, após enchente que alagou a Marginal do Tietê e matou duas crianças.
Mesmo com os novos veículos, a Defesa Civil ainda sofre com a falta de viaturas. A frota atual é de 48 veículos, dos quais dez estão alocados na coordenadoria. Algumas unidades distritais, como a do Jaçanã ( zona norte), têm a disposição três carros. Na de Capela do Socorro (zona sul) não há nenhum. Desde o mês passado, a secretaria tenta amenizar o problema repassando ao órgão veículos que deixaram de ser usados pela Guarda Civil Metropolitana (GCM). A medida, no entanto, enfrenta resistências. “Esses veículos já foram abandonados pela GCM porque não dão mais conta do serviço. Como vou entrar em um lugar em que houve deslizamento de terra com eles?”, questiona um coordenador. A Segurança Urbana assevera que “cada Coordenadoria Distrital tem os veículos necessários para o desempenho da sua missão”.
Outra dificuldade é o baixo efetivo. A Defesa Civil tem hoje cerca de 350 agentes, responsáveis, entre outras atribuições, por monitorar ao menos 562 áreas com risco de deslizamentos espalhadas pela cidade. Mas na Subprefeitura de Vila Prudente, por exemplo, um único funcionário fica encarregado de cuidar de 19 áreas de risco.

Campinas investe R$ 1 milhão

A menos de 100 quilômetros de distância da capital, existe no Estado de São Paulo um exemplo de município que saiu de um estado de desorganização e atraso para se tornar uma das Defesas Civis mais eficientes do País. Campinas decidiu mudar seus métodos após um temporal em 17 de fevereiro de 2003, quando seis pessoas morreram. “Foi o nosso 11 de setembro”, diz o diretor do órgão, Sidnei Furtado. Desde aquela época, foi investido em formação dos agentes, tecnologia de monitoramento e infraestrutura.
A cidade tem cerca de 1 milhão de habitantes, um décimo da população de São Paulo. Mas o Orçamento deste ano foi de R$ 1 milhão. Campinas foi uma das pioneiras a investir na formação dos funcionários e criou a profissão de agente de defesa civil. Todos os 65 servidores para o cargo são concursados. Além disso, a equipe conta com outros 120 funcionários indicados de outras secretarias que fizeram o curso de formação da prefeitura.
O curso tem carga horária de 80 horas teóricas, além de um mês de atividades práticas. Todos os servidores são treinados para monitorar o sistema de alerta, que conta com 23 sensores espalhados pela cidade, que medem os índices de chuvas, níveis dos rios, entre outros. Quando as condições podem tornar-se adversas, os agentes saem a campo, interditando imóveis e orientando a desocupação de áreas de risco. A última pessoa a morrer em soterramentos na cidade foi em 1993.

Enchentes em SP: a resposta de José Serra no twitter, “Felizmente, parou de chover”



Franco da Rocha (SP) Funcionários do Velório Municipal, que estava inundado pelas águas da chuva e parentes de falecido levam caixão nesta quarta-feira (09), para o Cemitério da cidade. 10/12/2009 Foto: Fernanda Atademos/FotoRepórter/AE

Capa do AGORA: os títulos resumem o descaso de Serra e Kassab

Serra corta grana para evitar enchente

Comparação com o governo do também tucano Geraldo Alckmin mostra que grana usada para serviços de manutenção no rio Tietê diminuíram em 34%. Estado diz que comparação é errada.
Andre Vicente/Folha Imagem Parentes e amigos choram em enterro de irmãos

enterro_vitima enchente

Prefeitura leva 35 famílias sem casa para abrigo sujo

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Kassab só gastou a metade da grana para limpeza de córregos

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Sobe para oito o número de mortes pelo temporal no Estado

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Comoção no enterro de irmãos

Editorial do Jornal da Tarde: Fantasias e desculpas não combatem enchentes

Surrado truísmo: Inunda porque chove, da mesma forma que só morre quem está vivo.


                José Serra e Gilberto Kassab também fizeram a                     contagem regressiva na abertura da Campus Party                     2009 (Foto: Renato Bueno/G1)

EDITORIAL JORNAL DA TARDE – JT

Fantasias e desculpas não combatem enchentes
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), quis tapar o sol com peneira (confundindo toró com goteira) ao se dirigir à população, em transmissão ao vivo pela televisão perto da Ponte das Bandeiras, para tentar negar com fantasias a tragédia real causada pelos pontos de alagamento que fizeram de anteontem mais um dia de cão para os paulistanos. A escolha do local para essa encenação não poderia ter sido pior: enquanto Sua Excelência devaneava sobre a inexistência do caos, as imagens exibiam o imenso lago que cobria as pistas da Avenida Marginal em ambas as margens do Rio Tietê. A aposta da autoridade responsável na ingenuidade e na incapacidade de enxergar o óbvio da população, vitimada um pouco pelas intempéries da natureza e muito mais pela insensibilidade dos governantes, achincalha a cidadania, que acaba de ser informada de que será escorchada por um aumento absurdo do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) em 2010.
“Não foi o caos, a chuva é que foi muito intensa”, disse ele repetindo a monocórdia desculpa amarela do apelo a índices pluviométricos. Trata-se, evidentemente, de um surrado truísmo. Inunda porque chove, da mesma forma que só morre quem está vivo. Essa condição inexorável da natureza, contudo, é submetida, em São Paulo, a condicionantes variáveis. Por exemplo: desde que os ex-governadores tucanos Mário Covas e Geraldo Alckmin empreenderam a obra bem-sucedida de desassoreamento do Tietê, as Marginais deste ficaram livres dos alagamentos endêmicos de antanho. A obra terminou, não teve sequência adequada e a Prefeitura da capital não cuidou de impedir que toneladas de lixo e entulhos voltassem a assorear o leito do curso fluvial pelo qual as bandeiras entraram sertão adentro.
E não é só. A atual gestão municipal deixou de investir R$ 353 milhões em obras de combate às enchentes. Nos últimos quatro anos, apenas 68% da verba prevista em orçamento para esses projetos foi utilizada. Aos piscinões, que têm resolvido problemas localizados (como o do Vale do Pacaembu, só para dar o exemplo mais óbvio), foram destinados 8% dos recursos orçamentários previstos.
O antecessor (e aliado) de Kassab na Prefeitura, José Serra (PSDB), também tem cometido erros na gestão estadual. E essas omissões repercutem na confusão e nas tragédias de dias como esse, no qual mais oito pessoas morreram em São Paulo em consequência da tromba d’água. Um desses equívocos foi ter investido menos da metade do projetado em obras na Bacia do Alto Tietê: dos R$ 188 milhões previstos no Orçamento, apenas R$ 71 milhões foram de fato empregados. Dos 134 piscinões que teriam de ser construídos para evitar que a água com areia e lixo dos afluentes chegasse ao Tietê só foram concluídos 45. São removidos apenas 400 mil m3 de dejetos do rio em que são despejados 3 milhões de m3.
Pode ser até que São Pedro não tenha sido muito amigo de São Paulo. Mas o fato é que o poder público local fala demais e faz de menos para amenizar as consequências dos aguaceiros.

Para Kassab “a cidade vive um bom momento”

Fórum do leitores do Estadão
“Para Kassab, dia de caos teve o seu lado positivo: aumentou o próprio salário em quase 200%!”
Ariovaldo Batista arioba06@hotmail.com
São Bernardo do Campo
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ENCHENTES
Conforme noticiado pelo Estadão, a chuva que paralisou São Paulo matou pelo menos seis pessoas. E o prefeito Kassab (DEM) declarou que o dia de caos teve seu “lado positivo” e que, para ele, “as obras contra enchentes estão dando resultado”. Para ele pode ser, porque para a família das vítimas as obras não estão dando resultado nem houve lado “positivo”.
Cláudio Moschella arquiteto@claudiomoschella.net
São Paulo
http://www.jt.com.br/editorias/2009/12/10/4.1.imagem_chuvasserioneves.jpg
SP tem bairro alagado e buraco em via
Este era o cenário na capital 24 horas após o temporal que parou São Paulo. O prefeito Gilberto Kassab (DEM), no entanto, voltou a afirmar que os transtornos não foram tão graves e que a cidade retomou a rotina “duas horas depois”

Naiana Oscar, Leandro Calixto, Luísa Alcalde, Isis Brum e Lais Cattassini – JT

O dia seguinte à chuva que parou São Paulo, inundando as marginais do Tietê e do Pinheiros e causando 105 pontos de alagamento, foi de limpeza, contagem de prejuízos e com um bairro da zona leste ainda totalmente alagado. Motoristas enfrentaram um buraco enorme que se abriu na Av. Dr. Arnaldo, na zona oeste. Para o prefeito Gilberto Kassab (DEM), no entanto, os transtornos não foram tão grandes e a cidade vive “um bom momento”. “O que tivemos foi uma chuva intensa, localizada, e o transbordamento do Rio Tietê. Não foi o caos porque duas horas depois a cidade estava voltando à sua rotina”, disse.
Já o governador José Serra (PSDB) se pronunciou pela primeira vez sobre a chuva. Disse que o governo nunca investiu tanto no combate às enchentes.
A situação mais grave ontem era a do Jardim Helena, no extremo da zona leste da capital, na divisa com Itaquaquecetuba (Grande São Paulo). Cerca de 2 mil pessoas, segundo a Defesa Civil, tiveram suas casas invadidas pelas águas do Rio Tietê. Para chegar aos imóveis, os moradores tinham que caminhar com água pela cintura. Muitos vivem em sobrados e se refugiaram nas partes altas das casas. Vários carros submersos eram vistos pelas vias. O Centro de Educação Unificado (CEU) Três Pontes estava isolado e alagado. Só se chegava lá de bote. Não há previsão para a situação voltar ao normal.
Na zona oeste, a chuva causou a abertura de um grande buraco na Avenida Dr. Arnaldo. A cratera, com 10 metros de largura e 20 de comprimento, interditou duas faixas da via no sentido centro-bairro. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego, o bloqueio continuará até domingo à tarde, quando os trabalhos de recuperação da pista estarão concluídos. Segundo a Secretaria das Subprefeituras, mil buracos surgem por dia nas ruas da capital. O número triplica em dias de chuva intensa.
Na mesma região, a escola de samba Pérola Negra, do Grupo Especial, calculava um prejuízo de R$ 30 mil ontem. A agremiação teve comprometidos dois carros alegóricos, um deles o abre-alas, que estavam no barracão da agremiação, sob Viaduto Mofarrej, na Vila Leopoldina. Todos os adereços precisarão ser trocados. A situação só não foi pior porque 20 dos 60 funcionários estavam no local quando começou a chuva.
Vizinha ao barracão, a Companhia de Entrepostos e Armazéns de São Paulo (Ceagesp) reabriu suas portas ontem, após um dia fechada em razão dos alagamentos. A região foi uma das mais afetadas pela chuva de anteontem. Os produtos que entraram em contato com a água, a maioria melancias e abacaxis, foram jogados no lixo. A Ceagesp informou que o terminal foi higienizado com cloro de alta concentração para evitar a contaminação dos produtos vendidos. As perdas somaram 70 toneladas de alimentos, 10% do movimento diário, um total de R$ 15 milhões. Nas ruas próximas, os moradores limpavam suas casas.
Investimentos de combate às enchentes

MUNICÍPIO

Desde 2006, a Prefeitura gastou 68% do previsto no Orçamento para obras antienchente
Do R$ 1,1 bilhão reservado para o combate aos efeitos da chuva nestes quatro anos (2006 a 2009), a administração Kassab investiu R$ 751 milhões
No ano passado, a Prefeitura aplicou 1% a mais do que estava previsto para essas obras
Neste ano, foram investidos até agora R$ 241 milhões dos R$ 329 milhões orçados, ou 73%
A área mais prejudicada foi a construção de piscinões, que recebeu apenas 8% do planejado
ESTADO
O governo José Serra (PSDB) investiu menos da metade do previsto em obras na Bacia do Alto do Tietê em 2009: R$ 71 milhões até outubro, contra um Orçamento de R$ 188 milhões

10/12/2009 - 09:42h O caos é o caos


“Não foi o caos.
Porque todos nós sabíamos o que estávamos fazendo e para onde iríamos.

O caos é diferente.
O caos é o caos.”


Gilberto Kassab

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