14 de set. de 2009

Chuva afogou candidatura de Kassab. Para Serra, o prefeito abandonar a prefeitura “pegaria mal perante o eleitorado”

Serra veta Kassab e decide que Alckmin é o candidato em SP

Governador intervém para evitar que disputa prejudique seu projeto nacional

Tucano quer reforçar parceria com a ala paulista do PMDB; articulação deve garantir para Quércia uma das vagas na eleição para o Senado

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Reprodução da propaganda de Alckmin em que o locutor diz que o tucano está com Serra e Covas e Kassab com Quércia e Pitta

KENNEDY ALENCAR - FOLHA SP

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), vetou a articulação do prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM), para tentar se candidatar ao Palácio dos Bandeirantes. Ao mesmo tempo, fechou com o ex-governador Geraldo Alckmin que ele será o próximo candidato do PSDB ao governo paulista.
Serra interveio na sua própria sucessão porque avaliou que estava se desenhando um cenário de guerra que poderia prejudicar sua aspiração presidencial. O primeiro movimento foi dizer a Kassab, seu aliado político, que ele deveria permanecer na prefeitura, sob pena de criar um problema na aliança PSDB-DEM e ficar mal perante o eleitorado paulistano, que o reelegeu no ano passado.
Kassab desejava ser candidato a governador, pois a capacidade de investimento da prefeitura é muito pequena se comparada à do Estado de São Paulo. Ele avalia que terá dificuldade para cumprir promessas e que deverá realizar uma administração mediana, o que impediria voos mais altos na política após deixar a prefeitura.
Vetado por Serra, Kassab passou a alimentar a possibilidade de apoiar outro tucano para o governo, o secretário da Casa Civil de São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira. Kassab, que derrotou Alckmin na campanha municipal de 2008, não deseja ver o antigo desafeto no governo com caixa para gastar. O governador, então, nomeou Alckmin como seu secretário.
Serra avisou a Kassab e Aloysio que precisa apoiar Alckmin, favorito nas pesquisas, para evitar uma crise na aliança PSDB-DEM no seu reduto eleitoral e para reforçar a parceria com o PMDB paulista, abrindo caminho para que o ex-governador Orestes Quércia, presidente do PMDB paulista, seja um dos candidatos a senador da aliança que deverá ocorrer no Estado entre os três partidos.
O apoio de Quércia é fundamental para Serra tentar minar ou esvaziar parcialmente o provável apoio oficial do PMDB nacional à eventual candidatura presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Rio e Bahia
O governador paulista tenta ainda se reaproximar de dois peemedebistas com quem tem relação antiga, mas que migraram para o campo lulista: o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima.
Cabral está insatisfeito com Lula e Dilma por causa do embate político em torno do pré-sal, já que o governo quer reduzir os royalties dos Estados produtores, como Rio, São Paulo e Espírito Santo.
No Rio de Janeiro, Serra tem desempenho mais fraco do que em outros Estados, além da dificuldade para formar um palanque forte em 2010. Por isso o paulista fechou com Cabral na luta pelos royalties, que agora será travada no Congresso. Candidato à reeleição, Cabral já pensa nos ganhos do pré-sal.
Serra aproveita o rompimento de Geddel com o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), e estimula o lançamento da candidatura do ministro ao governo baiano. Dessa forma, o tucano paulista acredita que tem chance de evitar um apoio formal do PMDB a Dilma.
Lula já viu os movimentos de Serra e vai entrar em campo para tentar acalmar Cabral e Geddel, mantendo o apoio deles ao PT na sucessão de outubro do ano que vem.

Chuva expõe corte de verba e obriga prefeito a recuar

DA REPORTAGEM LOCAL

A chuva da semana passada colocou na defensiva o prefeito Gilberto Kassab (DEM), que iniciou seu segundo mandato cortando o Orçamento e reduzindo gastos da administração, inclusive com serviços considerados essenciais, como o de varrição de ruas.
A forte chuva alagou a cidade e expôs a sujeira espalhada pelas vias, que ajudou a entupir bueiros e agravar a enchente. Enfrentando desgaste, Kassab foi obrigado a recuar da decisão de diminuir a verba para a limpeza.
Os cortes, porém, atingiram mais áreas. Da verba reservada para a construção de piscinões -reservatórios que ajudam a reter a água das chuvas- , gastou só 7,3%.
O prefeito alega que o congelamento de recursos se deve à queda na expectativa de receita, causada pela crise.
Quando tentava garantir a reeleição na campanha de 2008, Kassab enviou um Orçamento para a Câmara Municipal no valor R$ 29,4 bilhões. Após sucessivos cortes, ele e sua equipe esperam gastar agora R$ 21,2 bilhões.

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