10 de jul. de 2009

Educação e tecnologia - Recursos para ciência e tecnologia somaram R$ 2 bi em 2008

O Bom Dia Ministro desta quinta-feira (9) entrevistou o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende. No programa, realizado com âncoras de diversas rádios, Rezende falou sobre o Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação para Desenvolvimento Nacional, conhecido como PAC da Ciência, e das ações do governo para ampliar a formação de mestres e doutores. O Bom Dia é produzido e coordenado pela Secretaria de Imprensa da Presidência da República e transmitido ao vivo, via satélite, para emissoras de todo o País. Leia abaixo os principais trechos.

PAC da Ciência

"O Plano é muito abrangente. Costumo ressaltar que o importante é que pela primeira vez temos um plano de ação para quatro anos, uma vez que ciência e tecnologia são preocupações muito novas em nossa sociedade e não estão ainda difundidas nas empresas. A população não percebe bem como se beneficiar desse conhecimento acumulado e as próprias universidades começaram a montar grupos de pesquisa há 40, 50 anos, no máximo. O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) também é jovem, criado há 24 anos. Nesse tempo, teve épocas muito atribuladas. Pela primeira vez, não tem apenas uma política genérica, mas um plano de ação, com quatro prioridades e recursos definidos. O objetivo do Plano é dar maior dimensão à ciência e fazer com que ela cumpra um papel abrangente, intensificando as ações no centro de pesquisas, nas universidades, chegando às empresas, que precisam ser competitivas, fazer inovação, além de alcançar pequenos produtores a jovens."

Recursos para pesquisa
"Eles têm aumentado consideravelmente. O principal fundo de apoio à pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia, fora das universidades, é o Fundo Nacional de Desenvolvimento Cientifico Tecnológico (FNDCT). O fundo teve em 2002 R$ 350 milhões executados. Em 2008 esse número já alcançou R$ 2 bilhões. Os recursos estão aumentando. Tivemos esse ano, uma crise econômica mundial. Apesar da crise econômica mundial, os recursos para ciência e tecnologia não estão diminuindo esse ano em relação a 2008."

Fomento para novas empresas
"Temos avançado muito nesse setor. Empresas tradicionais não têm a cultura de fazer inovação, de investir num processo de investigação, porque isso demora tempo, mas estamos de qualquer maneira ampliando as ações para empresas tradicionais. O grande campo no Brasil é exatamente estimular novas empresas de tecnologia, aquelas que são criadas por pesquisadores das universidades, por técnicos e estudantes."

Primeira Empresa Inovadora
"O programa Primeira Empresa Inovadora (Prime) oferece recursos para empresas criadas até dois anos. São recursos não-reembolsáveis. Para recebê-los, as empresas entram numa competição muito grande. Para fazer essa competição em todo o País, a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) credenciou 17 incubadoras de empresa. Existem mais de três mil empresas inscritas no Programa. As empresas novas estão recebendo apoio para o financiamento."

Monitoramento da Amazônia
"O controle do Brasil sobre a Floresta Amazônica melhorou muito nos últimos dez anos em grande parte porque hoje temos um sistema de satélite, desenvolvido junto com a China, que é o CBERS. Ele passa a cada 1h40 pela mesma latitude em torno da Terra, dando 13 voltas por dia, fotografando, mandando eletronicamente as imagens para uma estação que tem em Cuiabá. Não é um monitoramento diário porque a cada hora o satélite passa por um local diferente. A cada 15 dias temos o retrato da Amazônia. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) fornece aos órgãos de fiscalização a imagem do que está ocorrendo. Pelo controle do Inpe houve um aumento do desmatamento há um ano e meio. Há dois anos, o governo tomou medidas não só de fiscalização, mas de restrição. Por exemplo: atualmente os bancos oficiais estão exigindo certificação da origem do gado para que os frigoríficos tenham financiamento."

Base de Alcântara
"O programa brasileiro tem dois principais componentes: um é o de fabricar satélites, e no momento o Inpe já tem a competência para fabricar satélites de observação da Terra, e está fazendo isso. A outra linha é a de colocar um satélite em órbita. A base de Alcântara tem essa finalidade: soltar foguetes que coloquem o satélite em órbita. Ocorre que para lançá-lo precisa ter o domínio do combustível e o Brasil ainda não domina completamente essa tecnologia. A torre que havia em Alcântara era usada experimentalmente para lançar foguetes, que não conseguia colocar o objeto em órbita. Eram foguetes experimentais, que subiam um certo número de quilômetros e caíam no mar e eram estudados. Houve aquele acidente sério e tivemos muitas dificuldades desde 2004 porque foi realizada uma licitação para uma empresa reconstruir a torre. A empresa que perdeu entrou na justiça. Só agora a torre de Alcântara está sendo reconstruída e estará pronta antes do final do ano. Isso atrasou os testes. Fizemos um acordo com a Ucrânia e criamos uma empresa binacional que chama Alcântara Cyclone Space. Ano que vem, receberemos um foguete feito na Ucrânia, grande fornecedora do programa espacial da União Soviética. O primeiro foguete será inteiramente ucraniano, mas o segundo já terá componentes nacionais. "

Formação de Mestres e doutores
"O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) foi criado em 1951. Nas décadas de 50 e 60 e um pouquinho em 70 a maior parte dos bolsistas iam para o exterior. Atualmente, o CNPQ tem cerca de 70 mil bolsas de pós-graduação e, dessas, apenas duas mil para outros países. Passamos a ter no Brasil programas de mestrado e doutorado de qualidade internacional. Muitos bolsistas nem querem ir para o exterior. E, aqueles que querem, entram numa competição muito grande, porque o número de bolsas é pequeno. Há uma expansão do Sistema Universitário. Empresas estão contratando, principalmente mestres, mas também doutores e em muitas áreas faltam pessoas. Em 1987, o Brasil formou aproximadamente mil doutores e quatro mil mestres. No ano passado, formamos cerca de 40 mil mestres e doutores. Em 21 anos, aumentamos o número de mestres e doutores por um fator dez."

Ciência nas escolas
"O Ministério da Educação tem um programa de colocar laboratórios de informática em todas as escolas públicas de todos os níveis. São poucas federais, mas são muitas estaduais e municipais. Já há laboratório de informática em cerca de 70 mil escolas de ensino médio em operação. Elas estão sendo gradualmente interligadas à internet por um programa que o governo federal lançou no ano passado. Teremos até o final deste ano cerca de 50 mil escolas públicas ligadas e alguns governos estaduais estão tomando iniciativas para melhorar isso. Como a Educação ficou meio desassistida durante muito tempo, não se resolve o problema da educação de uma hora para outra. É preciso um conjunto de programas. Há uma melhora considerável no uso de tecnologias e no resultado do ensino público no Brasil."

Por Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
Nº 842 - Brasília, 9 de Julho de 2009

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